A polícia polaca alertou este domingo para novas entradas irregulares de grupos de migrantes no seu território através da fronteira com a Bielorrússia, indicando que um desses grupos era formado por 50 pessoas.
A entrada no território da Polónia aconteceu durante a noite, junto à cidade de Dubicze Cerkiewne, no leste do país, de acordo com informações de fontes policiais divulgadas através da sua conta no Twitter e citadas pela agência Efe.
Num outro ponto da fronteira foram detidos 22 iraquianos, tendo sido contidas outras tentativas de entrada na zona fronteiriça, onde foi decretado estado de emergência e à qual os meios de comunicação social não têm acesso.
As autoridades militares da Polónia alertaram há dias para um aumento do número de migrantes do lado da Bielorrússia, incluindo crianças e mulheres.
Vários milhares de migrantes, com a intenção de entrar no espaço da União Europeia (UE), estão bloqueados há vários dias junto à fronteira da Bielorrússia com a Polónia.
Esta crise migratória levou já o Iraque a suspender os voos diretos para Minsk, uma decisão que foi seguida pela companhia aérea síria.
Também na sexta-feira, a aviação civil turca anunciou que os cidadãos do Iraque, Síria e Iémen não poderão voar dos aeroportos turcos para a Bielorrússia devido à situação na zona fronteiriça.

A história de uma jovem mãe retida na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia
Umm Malak tem 26 anos e três filhas pequenas. Grávida de 38 semanas, a jovem iraquiana dispôs-se a atravessar rios e a passar a noite em florestas geladas, movida pela vontade de chegar à Alemanha e de dar às filhas oportunidades que não existem no Iraque.
Umm, o marido e as filhas foram presos e passaram vários dias em centros de detenção. Nas últimas semanas, conseguiram atravessar a fronteira seis vezes, mas foram sempre levados de volta pelos guardas polacos.
Tentam, como milhares de migrantes, chegar à União Europeia, mas estão impedidos de avançar ou recuar, sem água nem alimentos, e a enfrentar temperaturas negativas.
A jovem iraquiana diz que numa das tentativas de entrar na Polónia, as autoridades bielorrussas os ajudaram a cortar a vedação. Minsk está a ser acusada pela UE de usar os migrantes como arma de arremesso contra as sanções impostas pelos 27.
A Bielorrússia ameaça bloquear a passagem de gás natural para a União Europeia, algo que Putin já recusou, garantindo que a Rússia continuará a cumprir os compromissos assumidos. Em resposta às acusações do primeiro-ministro polaco, que acusou Moscovo de "orquestrar" esta crise de migração, o Presidente russo recusa qualquer tipo de envolvimento na situação.
Na última semana, o Governo conservador polaco mobilizou 20 mil soldados para proteger três dos 400 quilómetros de fronteira. A Polónia é um dos quatro países da União Europeia que se recusaram a aceitar cotas de migrantes.
Pelo menos oito migrantes já morreram nesta zona de fronteira devido ao frio. Este sábado foi encontrado o corpo de um rapaz sírio de 20 anos.
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