Francisco Rodrigues dos Santos reiterou esta sexta-feira que a decisão de adiar o Congresso é "completamente irreversível" porque "resulta de uma decisão dos órgãos do partido".
Em entrevista à SIC Notícias, o lider do CDS justificou a decisão com a necessidade de afirmar o partido para o país, contruir um programa com "tempo, peso e medida", refrescar o "novo friso de protagonistas" e conseguir estudar uma estratégia eleitoral que poder, ou não, integrar uma lógica de coligação.
"Tudo isto num partido que tem que se reerguer não se consegue fazer em seis semanas. O CDS no dia 20 de dezembro terá de apresentar listas fechadas de candidatos", afirmou.
O líder do CDS lembrou que não é a primeira vez que o partido adia um Congresso. Pires de Lima e João Almeida foram dois dos nomes invocados por Rodrigues dos Santos para atacar os opositores:
"O Dr. Pires de Lima dizia que era importante dar nota para o exterior de um partido amadurecido. O Dr. João de Almeida dizia que era importante mostrar o apoio à nova data por causa das autárquicas (….) Há anos atrás concordavam [com o adiamento dos Congressos] , mas agora discordam porque o líder é outro ", declarou.
Apesar da guerra interna, Francisco Rodrigues dos Santos considera-se com legitimidade para encabeçar a corrida às eleições legislativas. "A legitimidade não é contada por dias", começou por dizer.
"Tenho legitimidade até 20 de dezembro, porque diabo não teria legitimidade para apresentar o partido em urnas?"
Sem medo de ir a votos, o centrista sublinhou que terá legitimidade para fazer um programa, escolher candidatos, apresentar uma estratégia e liderar o partido até novo Congresso.
Aliás, Francisco Rodrigues dos Santos considera que o Congresso antes das legislativas não iria resolver o problema interno do partido, uma vez que as pessoas que contestam a sua legitimidade "nunca a reconheceram."
Sobre Cecília Meireles: "Terá lugar nas listas enquanto for Presidente"
Cecília Meireles revelou esta sexta-feira, numa entrevista à TSF, que se retirará da vida política no final do mandato parlamentar, continuando apenas como militante do partido. A deputada decidiu retirar-se depois de algumas acusação do atual líder.
Questionado sobre o caso, Rodrigues dos Santos disse que tinha dado uma grande prova pessoal e política à centrista quando não reclamou o seu lugar no Parlamento.
"Nunca que lhe pedi para abandonar o lugar de deputada para estar no Parlamento porque eu sou o número dois pelo ciclo eleitoral do Porto. (…) Sempre soube que era importante o líder do CDS estar lá para interpelar o primeiro-ministro porque sou o único líder que não estou lá", explicou.
Apesar do desentendimento, o Presidente do CDS disse que Cecília Meireles continuará como deputada se quiser, tecendo vários elogios ao seu trabalho parlamentar, e deixando a porta aberta nas listas enquanto for líder do partido.
"Estou disponível para chegar a uma solução com o Dr. Nuno Melo"
Apesar de criticar várias vezes a "escalada de agressão verbal" de Nuno Melo, Francisco Rodrigues dos Santos mostrou-se aberto para chegar a uma solução que contribua para a união do partido. "Claro que estou disponível, primeiro o país, depois o partido", disse.
Coligação com o PSD?
Tal como Rui Rio já tinha adiantado, os líderes dos principais partidos da direita ainda não falaram formalmente sobre a possibilidade de uma candidatura conjunta às eleições de 30 de janeiro.
"Não abordei a questão com o dr. Rui Rio. Em abstrato é natural que esteja em cima da mesa essa possibilidade", afirmou, sublinhando que o "CDS é fundamental para ganhar a esquerda".
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