Curiosidades da Ciência

Há um pedaço de Lua na Sala Oval de Joe Biden

Um presente com 3,9 milhões de anos cheio de simbolismo.

O astronauta-cientista Harrison Schmitt fotografado a trabalhar durante a missão à Lua Apollo 17, 13 de dezembro de 1972.
O astronauta-cientista Harrison Schmitt fotografado a trabalhar durante a missão à Lua Apollo 17, 13 de dezembro de 1972.
AP/ Arquivo

A pedido da nova administração Biden, a NASA emprestou a rocha lunar recolhida na última missão à Lua e está agora exposta na Sala Oval da Casa Branca.

Em 1972, os astronautas da missão da Apollo 17 Ronald Evans, Harrison Schmitt e Eugene Cernan, os últimos humanos a pisar na Lua, retiraram esta amostra de uma grande pedra na base do Maciço Norte no Vale Taurus-Littrow, a 3 km do Módulo Lunar. Este pedaço de 332 gramas da Lua é uma amostra com 3,9 mil milhões de anos formada no último grande impacto que criou a Bacia de Impacto Imbrium, que tem 1.145 km de diâmetro.

Este pedaço de História pertence ao Laboratório de Amostra Lunar no Centro Espacial Johnson da NASA em Houston, e na vitrine está inscrito:

Amostra lunar 76015,143

NASA

As superfícies irregulares da amostra contêm crateras minúsculas criadas à medida que impactos de micrometeoritos atingiram a rocha ao longo de milhões de anos.

Os lados planos e serrados foram feitos no Laboratório Lunar da NASA onde os cientistas cortaram fatias da rocha para a investigação.

Este pedaço de Lua que está agora na Sala Oval é um reconhecimento simbólico da nova Administração Biden das ambições e realizações das gerações anteriores e demonstra o apoio à atual abordagem de exploração da Lua a Marte pelos Estados Unidos.

Jonathan Ernst

Missão Artemis para voltar à Lua cinco décadas depois

Quase caída do esquecimento depois da excitação do primeiro passo, a 21 de julho de 1969, o entusiamo pela Lua parece ter despertado de novo.

Cinco décadas depois, os Estados Unidos querem lá levar outra vez astronautas, desta vez incluindo mulheres, ao mesmo que se multiplicam os projetos públicos e privados de missões à Lua e de robótica espacial.

A missão Artemis, irmã gémea de Apolo e deusa da caça e da Lua na mitologia greco-romana, está prevista para 2024 e a NASA quer a colaboração de vários países na construção de uma pequena estação na órbita da Lua a partir de 2023.

"Artemis sera o programa internacional de exploração espacial mais vasto e diverso da História e os Acordos de Artemis serão o meio para estabelecer essa cologação mundial única", afirma o administrador da NASA, Jim Bridenstine.

"Acordos de Artemis" para enquadrar as próximas viagens espaciais

Sete países e a NASA assinaram em outubro o documento conhecido como "Acordos de Artemis" para enquadrar juridicamente a nova vaga de missões à Lua bem como a outros astros. Mas as grandes potências espaciais rivais não fazem parte do acordo.

Os países signatários - Austrália, Canadá, Itália, Japão, Luxemburgo, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido - acordam também a criação de "zonas de segurança" - a parte mais controversa.

Nem a China nem a Rússia fazem parte deste acordo - o que aumenta o receio de uma espécie de "conquista do faroeste" no espaço.

O grande tratado internacional sobre o espaço data de 1967 e é muito pouco explícito sobre a exploração dos recursos extraterrestres.

A NASA tem pressa em o definir um regime jurídico que autorize explicitamente as empresas privadas na exploração espacial. A russa Roscosmos considera que o programa Artemis é demasiado "americano-cêntrico", nas palavras do seu diretor Dmitri Rogozine.

Os grandes príncipios e a principal controvérsia

Os acordos enumeram 10 princípios como a transparência das atividades, a possibilidade de todos os sistemas operarem em conjunto, a obrigação de catalogar todos os objetos espaciais, a assistência a um astronauta em perigo, a partilha de dados científicos e a boa gestão dos detritos espaciais.

Mas a parte do texto mais controversa diz respeito à criação de "zonas de segurança", que visa proteger os países nas suas atividade de exploração de um corpo celeste, por exemplo, a extração de recursos como água no polo sul da Lua.

O tratado de 1967 (que pode ser consultado aqui em português bem como outros documentos sobre direito do espaço) proibe qualquer "apropriação nacional por proclamação de soberania, nem por uso, nem por qualquer outro meio".

No entanto a NASA utiliza outro artigo do tratado para justificar a criação das zonas de segurança, segundo o qual é proibida qualquer atividade "que cause desconforto potencialmente prejudicial" ao país explorador.