No país balcânico com 3,8 milhões de habitantes (40% muçulmanos), este apelo inédito surge três semanas após os mortíferos ataques em Paris e a morte de dois soldados bósnios em Sarajevo cinco dias mais tarde, numa suspeita ação islamita.
"Preocupam-nos os ataques terroristas na Bósnia-Herzegovina, na Europa e pelo mundo, e estamos conscientes da nossa responsabilidade em preservar a liberdade, a paz e a vida intercomunitária no nosso país", refere a declaração.
O documento, aprovado em Sarajevo durante um encontro de cerca de 40 personalidades muçulmanas, incluindo o líder espiritual o Grande mufti Husein Kavazovic, apela ainda às autoridades para se oporem ao extremismo.
"Contestamos qualquer forma de radicalismo, violência extrema ou terrorismo", disse o líder político muçulmano bósnio Bakir Izetbegovic, que se referiu ainda à necessidade em defender "um Islão inclusivo".
"Devo admitir que não reconhecemos no devido momento a amplitude do perigo proveniente da propagação desta ideologia", acrescentou.
Os signatários pedem ainda às "autoridades nos países muçulmanos" que "respeitem a tradição religiosa (...), instituições e autonomia" dos muçulmanos bósnios e a sua "identidade europeia".
No decurso e após a guerra civil interétnica na Bósnia (1992-1995) diversos países muçulmanos, incluindo a Arábia Saudita, financiaram a reconstrução de habitações e mesquitas nas regiões onde se concentra a população muçulmana local.
Com frequência, analistas locais têm-se referido à influência religiosa que tem acompanhado esta ajuda.
"A violência e o terror não são o caminho", assinalou Kavazovic durante o encontro. "O Islão deve ser difundido da forma que os nossos antepassados sempre o fizeram nesta região".
No entanto, as interpretações estritas do Islão, incluindo o 'wahhabismo' saudita, também foram "importadas" para o país balcânico e ex-república jugoslava pelos 'jihadistas' estrangeiros que se juntaram ao exército muçulmano da Bósnia durante a guerra civil da década de 1990.
Lusa