Daesh

Milhares de civis retirados do último reduto do Daesh na Síria

Maioritariamente mulheres de niqab negro, crianças com roupas sujas que por vezes devoram um pouco de pão e cobertas de poeira e homens com a cara coberta.

As Forças Democráticas Sírias deram pão às crianças para se alimentarem.
As Forças Democráticas Sírias deram pão às crianças para se alimentarem.
Rodi Said

Mais de 40 camiões com milhares de civis, sobretudo mulheres e crianças, deixaram hoje o último reduto do grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) no leste da Síria, sob a supervisão das forças curdo-árabes em ofensiva na região.

A bordo destes veículos encontravam-se mulheres de niqab (véu islâmico) negro, algumas transportando um saco, crianças com roupas sujas e cobertas de poeira que por vezes devoram um pouco de pão, homens com a cara coberta.

Não se escutava uma palavra, um grito, uma queixa, referem os repórteres da agência noticiosa France-Presse (AFP).

Em Bagouz, os combatentes do EI permanecem entrincheirados em túneis, rodeados por campos de minas.

Mas neste último bastião do EI no distrito de Deir ez-Zor ainda permanecem civis, sobretudo mulheres e filhos de 'jihadistas', que os combatentes curdos e árabes das Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pela coligação internacional liderada pelos EUA, pretendem fazer sair.

"Esperamos o fim das retiradas de civis para iniciar o assalto", indicou um porta-voz das FDS, esperando que estas saídas terminem "hoje ou amanhã", e quando alguns "milhares" de pessoas ainda podem encontrar-se em Bagouz.

Após uma fulgurante ofensiva em 2014, com a proclamação de um "califado" em vastas regiões do Iraque e da Síria, o EI perdeu a quase totalidade do seu território na sequência de múltiplas ofensivas.

O conflito na Síria, desencadeado em 2011, evoluiu para uma guerra complexa que provocou mais de 360.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados.

Apesar de ter perdido o seu último bastião na Síria, os 'jihadistas' disseminaram-se no deserto central de Badiya, e têm reivindicado ataques em regiões controladas pelas FDS.

Na quinta-feira, o EI reivindicou um atentado com carro armadilhado a apenas dez quilómetros de um campo petrolífero, transformado em base militar das FDS, que provocou 20 mortos, segundo a Organização Síria de Direitos Humanos (OSDH).

Com o fim do "califado", perspetiva-se a retirada dos cerca de 2.000 soldados norte-americanos presentes na Síria, para acompanhar as FDS contra os 'jihadistas'.

Esta retirada, anunciada pelo Presidente dos EUA Donald Trump, deverá enfraquecer a capacidade de resposta das forças curdas, ameaçadas por uma ofensiva do vizinho curdo.

Mas Washington anunciou na quinta-feira a manutenção "por um certo tempo" de 200 soldados, "um pequeno grupo de manutenção da paz", segundo a versão da porta-voz do Governo norte-americano, Sarah Huckabee Sanders.

Lusa