Bernardo Ferrão e Ricardo Costa comentam a data de marcação das eleições legislativas pelo Presidente da República, a 30 de janeiro, e o atual cenário de instabilidade e incógnita políticas.
Bernardo Ferrão considera a data da marcação das eleições, a 30 de janeiro, "equilibrada, tendo em conta o que tem sido pedido pelos partidos e pelos conselheiros de Estado", sendo que também é importante para a organização dos debates televisivos - "ao contrário das eleições presidenciais", relembra.
"Também encaixa as duas vontades em cima da mesa no PSD, pois é preciso ter em consideração uma alternativa se o PS não ganhar", acrescenta.
Ricardo Costa "já calculava que fosse a 30 de janeiro, mas aconselharia que fosse em fevereiro".
"Os partidos têm de olhar para a enorme abstenção em Portugal e precisam de tempo para entender que campanha e programas querem fazer", aponta.
O comentador acrescenta que existem três mudanças na democracia portuguesa que devem ser tidas em conta: a abstenção, os atuais partidos políticos não chegarem aos jovens e a "fragmentação partidária" que se deu em 2019, sendo que "o próximo Parlamento marcará ainda mais esta fragmentação".
"Se fizerem campanhas e discursos iguais a antes, vai ser um desastre", refere Ricardo Costa.
Já Bernardo Ferrão considera que "há um subtexto nas palavras do Presidente da República" em tom crítico ao PS e aos parceiros da (antiga) Geringonça por não se conseguirem entender num "momento tão importante", marcado pela crise política, pela pandemia e pela gestão de fundos europeus.
Acrescenta que, nas várias dissoluções parlamentares até agora, os Presidentes da República tiveram uma alternativa, "mas agora não há, não se sabe o que vai acontecer no PSD".
"O horizonte não é claro", diz o comentador da SIC.
Para Ricardo Costa, os "beneficiados evidentes" da atual situação política "serão o Chega e a Iniciativa Liberal" e acrescenta que, "qualquer pessoa que fosse Presidente da República, ver-se-ia obrigado a dissolver a Assembleia da República".
O comentador refere, também, que existirá uma penalização dos partidos de Esquerda e que "há uma incógnita no centro-Direita e vai depender muito do que se passa no PSD".
Termina Bernardo Ferrão com uma previsão:
"Imagino que, se António Costa perder, se demite."