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Debate CDU vs Chega: uma viagem à Troika e ao PREC

A máquina do tempo política viajou até 1974 e até 2013, ao mesmo tempo. Entre interrupções, os temas que Paulo Raimundo e André Ventura atravessaram foram sempre em discórdia e num clima tenso.

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O líder partidário do PCP e do Chega estiveram esta sexta-feira num frente a frente na CNN, onde se realçou evidentemente as suas diferenças. Entre a corrupção , salários, pensões, querem dar mais aos que não têm, mas de formas diferentes e com motivos distintos.

Corrupção

Este é um dos temas bandeira do Chega, que começou por dizer que o "PCP nunca acompanhou uma medida do Chega". André Ventura realçou que também não o fizeram em medidas de combate à corrupção que propuseram.

Para além disso, o líder do partido de extrema-direita disse que tanto as empresas privadas como as públicas têm corrupção.

"Eu não aceito que tenhamos em Portugal uma série de processos que se arrastam e que, independentemente de estarem a ser julgados, continuam a viver em palácios", elucidou.

Paulo Raimundo disse que se orgulhava de não acompanhar uma medida do Chega.

"Nunca acompanhá-mos nenhuma medida do Chega, orgulho-me disso porque não vamos contribuir para alimentar a demagogia, hipocrisia, de manhã são umas, à tarde são outras. Ninguém disse que o problema estava apenas nas empresas privadas", esclareceu.

Mas André Ventura nunca deixou Raimundo ter a última palavra.

"Ao contrário do que fez o PCP, o Chega não se importou de viabilizar medidas do PCP, eu penso no país, p grande foco da corrupção está na administração local, atira sempre a corrupção para o que envolve privados"

Pensões

Na discussão sobre as pensões, ambos as querem aumentar, mas Paulo Raimundo tentou apontar tiques contraditórios a André Ventura tendo em conta o que propõe agora e o que apoiou antes.

"Nós estimamos um aumento de despesa em seis anos 7%. No aumento progressivo das pensões, é decisivo num país em que a pobreza está na classe mais velha e reformada", disse Ventura.

"Durante os tempos da Troika, do corte das pensoes, corte dos salários, corte do subsídio de natal, o deputado André Ventura estava a aplaudir aquelas opções", relembrou Raimundo, do PCP.

"Quando houve o 25 de abril, houve expropriações, assassinatos, quer que tenha o debate assim?", respondeu o líder do Chega, à crítica de Paulo Raimundo em relação ao tempo da Troika, contextualizando, na sua perspetiva, o papel do PCP no PREC.

Salário Mínimo

André Ventura quer um aumento, mas também quer assegurar a sustentabilidade das empresas.

Paulo Raimundo respondeu que não era contra as empresas, "há muita coisa que parece e não é".

"Parece democrático e não é", retorquiu Ventura.

Entre sair do euro, ou não, Paulo Raimundo está "entalado", segundo André Ventura, que o interpelou mas o líder do PCP não respondeu.

Na habitação, André Ventura disse uqe o rendimento não é o único problema, sendo que o Estado pode ser uma garantia a aquisição de casa.

"A estimativa dependeria do mercado", esclareceu o líder do Chega, que não tinha números concretos sobre o investimento de dinheiro publico que essa medida levaria.

Já o PCP disse que em quatro anos é possível construir 50 mil casas do Estado, e também recorrendo à reabilitação.

Imigração

André Ventura também faz deste tema uma bandeira, mas de forma mais moderada nos debates, do que acontece nas redes sociais.

"Hoje os mais desenvolvidos países da Europa fazem controlo da imigração, se está a aumentar os partidos devem dar resposta. Entendemos que o país necessita de imigração nalguns setores, mas o erro é não haver controlo e termos um regime de vistos da CPLP que permite entrada no território sem qualquer controlo", desenvolveu o líder do Chega.

"A emigração é um problema no país. Milhares de pesosas empurradas pelo PSD e CDS e é isso que se passa com os que vêm bater à nossa porta e têm de ter direitos, são trabalhadores e têm de ter uma vida digna", retorquiu Paulo Raimundo.

No fim, a CDU terminou com 10 minutos e o Chega com 12 minutos e meio de tempo falado.