Germano Almeida

Comentador SIC Notícias

Eleições nos EUA

DIA D-95: Kamala a prolongar o "momentum"

Opinião de Germano Almeida. A corrida à Casa Branca mudou mesmo muito em poucos dias.
DIA D-95: Kamala a prolongar o "momentum"
Getty Images

1 – Kamala fez rebentar o balão de Kennedy

O sucesso do bom arranque de Kamala está a fazer rebentar o balão de Robert Kennedy Jr. Antes da desistência de Biden, o filho de Bobby Kennedy somava geralmente mais de 10 pontos percentuais nas sondagens nacionais. Na pesquisa Economist/YouGov, que cito nas linhas abaixo, feita nos últimos três dias de julho, Kennedy apenas aparece com 3% e Kamala lidera com 46%, mais dois pontos que os 44% de Trump.

Ora, com Biden ainda na corrida, Joe ficava, nas corridas com Kennedy, a distância maior que Trump do que a que tinha num duelo a dois. Ou seja: Biden perdia mais votos que Trump para Kennedy; Kamala ganha votos a Kennedy e faz reduzir ameaça do efeito do "terceiro candidato". Isto pode querer dizer que havia uma bolsa de uns 5 ou 7% de democratas que estava mesmo insatisfeito com a hipótese Biden e ansiava por uma alternativa mais jovem.

2 – Quem será o vice?

Até terça (provavelmente antes) Kamala Harris revela quem será o seu vice-presidente. Harris quer aproveitar o embalo e somar mais um momento que possa prolongar o seu bom momento, sendo que, duas semanas depois, terá a Convenção em Chicago, nessa altura já com a nomeação oficializada e o partido unido (pelo menos na coreografia). O mais provável é que opte por Josh Shapiro e, assim, aumente as suas esperanças de ganhar a Pensilvânia, Estado onde surge empatada com Trump na maior parte das sondagens (e quatro pontos atrás na da Bloomberg). Mark Kelly é a segunda hipótese com mais força.

O facto de Kamala estar dois pontos à frente de Trump no Arizona na sondagem da Bloomberg reforça ideia de que esse estado está mesmo dentro das contas democratas. Biden ganhou no Arizona em 2020, Kelly repetiu a vitória democrata no Senado em 2022, mas Trump tinha agora grande avanço no Arizona frente a Biden. Terceira via? Talvez Tim Walz, governador do Minnesota ou Gary Peters, senador do Michigan. Mas não é provável. A escolha deve mesmo recair em Shapiro ou Kelly. Depois de se tirar a dúvida, Harris e o seu novo running mate seguem para um tour pelos estados decisivos. A corrida mudou mesmo muito em poucos dias.

Um Estado: Mississipi

O Mississipi tem 3 milhões habitantes:

  • 57,5% brancos;
  • 9,6% hispânicos;
  • 37,7% negros;
  • 1,1% asiáticos;
  • 51,4% mulheres;
  • 37.º maior em população;
  • 34.º maior em riqueza.

Resultado em 2020: Trump 57,6%-Biden 41,1%

Resultado em 2016: Trump 57,9%-Hillary 40,1%

Resultado em 2012: Romney 55,3%-Obama 43,8%

Resultado em 2008: McCain 56,2%-Obama 43,0%

Resultado em 2004: Bush 59,5%-Kerry 39,8%

(Nas últimas 13 eleições presidenciais, 1 vitória democrata, 11 vitórias republicanas)

O Mississipi vale 6 votos no Colégio Eleitoral (num total de 538)

Uma sondagem:

VOTO POPULAR A 3 | Kamala 46 - Trump 44 - Kennedy 3

Economist/YouGov, 27 a 30 julho