A Seleção Nacional treina, durante a manhã desta quinta-feira, pela última vez em Marienfeld, o seu quartel-general na Alemanha, antes da partida decisiva dos quartos de final do Euro 2024 frente à Seleção francesa.
Roberto Martinez conta com todos os 26 convocados para o derradeiro treino de preparação do encontro de sexta-feira, que vai definir a nação que avança para as meias-finais da prova.
O treino decorre durante a manhã desta quinta-feira e, depois do almoço, ainda em Marienfeld, a comitiva lusa parte de avião para Hamburgo, cidade que acolhe a partida diante dos franceses. Ao final do dia, o selecionador Nacional e Bernardo Silva fazem a habitual antevisão à partida.
Contrariamente aos adversário de Portugal, a Seleção portuguesa não fará um treino de adaptação ao relvado da arena do jogo.
A análise de José Carlos Freitas
Em direto na antena da SIC Notícias, José Carlos Freitas, comentador da SIC, analisa a campanha da Seleção lusa e o que poderá estar por vir.
Sobre a partida de sexta-feira, José Carlos Freitas considera que as chances de Portugal vencer a França “são tão reais como as de França vencer Portugal”, até porque “o que ficou para trás pouco importa”.
Nota que as coisas não “correram tão bem como se esperava” à Seleção Nacional, mas aponta que pode dizer-se o mesmo acerca do conjunto francês, que chega aos quartos de final com apenas um golo marcado de penálti e dois autogolos.
“A verdade é que França também não tem convencido. As primeiras estrelas e as segundas estrelas não estão ao seu melhor nível e, por isso, é que considero que o jogo de amanhã será bastante aberto”, afirma.
O comentador cita alguns dados estatísticos relativos aos confrontos entre as duas Seleções nos Europeus: quatro jogos, uma vitória para França, uma para Portugal e um empate, sendo que três dos encontros foram decididos para lá dos 90 minutos e sempre pela margem mínima.
Debruça-se ainda sobre o lado da chave do Europeu em que Portugal está inserido e onde se encontram também as Seleção da Alemanha, França e Espanha, que, em conjunto com a "equipa das quinas", possuem nove Campeonatos da Europa.
Do outro lado, apenas a Inglaterra venceu a prova por uma única vez, dado que espelha a diferença histórica entre as equipas dos dois lado do alinhamento.
De quem é a culpa do "tiro no pé" contra a Geórgia?
Sobre o percurso luso na Alemanha, até ao momento, José Carlos Teixeira atira que a equipa portuguesa ultrapassou os dois primeiros adversários “com algumas oscilações”, antes do “tiro no pé” frente à Geórgia, provocado “pelo treinador e pelos jogadores que estiveram em campo”, refere.
Lembra também que a Eslovénia, Seleção que Portugal só conseguiu bater nos penáltis nos ‘oitavos’, não perdeu um único jogo nos 90 minutos durante o Euro 2024, um registo que deve ser valorizado, considera o comentador.
Mas, afinal, o que tem corrido menos bem à Seleção portuguesa?
“O acerto no meio-campo ofensivo, a tendência de Cristiano Ronaldo querer assumir a marcação de todos os pontapés de livre (...), mas também estamos à espera do melhor rendimento de Bruno Fernandes e Bernardo Silva, duas peças fundamentais e que fisicamente não estão na sua melhor condição”, responde.
José Carlos Freias diz também que “aquilo que resta esperar e perceber é até que ponto estes três dias de recuperação foram suficientes” para que os jogadores portugueses possam regressar à sua melhor condição física.
Questionado sobre se Roberto Martínez tem capacidade para contrariar Cristiano Ronaldo, o comentador acredita que sim, no entanto acusa-o de não o querer fazer e recorda que a última vez que CR7 foi retirado da equipa titular, no Mundial do Qatar, Portugal venceu a Suíça por 6-1 com três golos de Gonçalo Ramos.
Martínez não quer contrariar Ronaldo?
Nesse sentido, confessa que acredita que Ronaldo jogará de início frente a França, no entanto garante não perceber porque é que “quando Cristiano Ronaldo está em campo e as coisas não estão a funcionar não há a tentativa de soluções diferentes”:
“É uma questão de perceber até que ponto a Seleção pode jogar melhor com ou sem Cristiano Ronaldo e às vezes percebe-se que teria condições para tentar fazer melhor se Ronaldo não estivesse na equipa, ou se não estivesse sozinho na frente de ataque”.
Dá, inclusive, o exemplo do que aconteceu aquando da entrada de Diogo Jota durante a partida contra a Eslovénia.
“Esperava-se que Jota fosse jogar numa posição muito mais próxima de Cristiano Ronaldo, mas foi colocado numa banda onde já não teve o ritmo que teve em outras épocas quando realmente jogava daquele lado”, explica o comentador.
Pelas características ofensivas que evidencia, o jogador do Liverpool deveria jogar mais próximo de CR7, reitera José Carlos Freitas, que não acredita que Gonçalo Ramos seja uma verdadeira opção para essa posição.
"Não é o mesmo Cristiano"
Ainda sobre o camisola sete de Portugal, o comentador lembra que o mesmo “é insubstituível” enquanto líder e enquanto “jogador que intimida os adversários”, mas sublinha:
“Nota-se que não tem já o pico de velocidade que tinha, não tem capacidade de no um para um ganhar os lances aos defesas, não é o mesmo Cristiano. Intimidar os adversários sim, mas se olharmos para o adversário de amanhã [sexta-feira] não me parece que os defesas franceses se deixam intimidar por Ronaldo mais do que o suficiente”.
Nota ainda para o veterano da Seleção, e até mesmo do Europeu, Pepe. Sobre o defesa-central, o comentador afirma que tem “estado bem e tem estado mal”, lembrando o erro cometido no final do prolongamento, que poderia ter valido o golo da Eslovénia. No entanto, elogia as suas prestações na fase de grupos e nota que no jogo aéreo “ainda é muito próximo do grande Pepe”.
Portugal enfrenta França na sexta-feira, às 20:00, em Hamburgo, para os quartos de final do Euro 2024.