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O espírito hygge da Dinamarca e o feito histórico da Geórgia

A seleção da Dinamarca, descendente de vikings com o seu espírito hygge, também adotado pelo treinador Kasper Hjulmand, e a estreia histórica da Geórgia no Euro 2024 com a sua estrela Khvicha Kvaratskhelia.

A Dinamarca, com quase seis milhões de habitantes, descendentes de vikings, foi classificada como uma das nações mais felizes do mundo. Um país onde as bicicletas são mais populares do que os carros e que tem a bandeira mais antiga do mundo.

A língua não tem uma palavra para "por favor". Mas os dinamarqueses têm uma expressão muito importante: "hygge". Literalmente significa “criar um ambiente acolhedor e desfrutar das coisas boas da vida com boas pessoas”.

Uma ideologia adotada pelo treinador da seleção nacional, Kasper Hjulmand, graças a três passos simples.

“Creio que a fórmula para gerir o futebol e ter sucesso é relativamente simples. Em primeiro lugar, é uma questão de identidade. Descobrir quem somos. Qual é a nossa origem? Qual é o nosso contexto cultural? Penso que temos uma vantagem competitiva devido à nossa união. A união é forte. Por último, queremos ser ambiciosos”. Kasper Hjulmand

“É um treinador que tem uma abordagem muito ambiciosa e apaixonada do futebol”, Pierre-Emile Hojbjerg

O verão de 1992

Ao longo da história do Europeu, o espírito dinamarquês tem sido evidente. Mas há um momento que se destaca de todos os outros: 1992. O país entrou tarde no Campeonato, apenas devido à desqualificação da Jugoslávia. Após quatro jogos, os dinamarqueses chegaram à final contra a poderosa Alemanha.

“Foi o auge, o ponto alto das nossas carreiras. Sem dúvida. Absolutamente incrível”. Brian Laudrup, jogador da seleção entre 1987-1998

“Sempre que a seleção tem um bom desempenho, as pessoas começam a falar do verão de 1992. São ícones, lendas, a equipa que ganhou o troféu em 1992. Serão sempre lembrados pelo futebol e pela Dinamarca”. Pierre-Emile Hojbjerg

Desde então, a melhor classificação da Dinamarca foi no Euro 2020, quando chegou às meias-finais e foi eliminada pela Inglaterra. Com o Euro 2024 no horizonte, a Dinamarca tem um talento em ascensão.

Rasmus Højlund deu nas vistas na fase europeia da qualificação da Dinamarca, marcando sete golos, incluindo um hat trick no primeiro dia.

“Significou muito para mim, enquanto dinamarquês. As pessoas descobriram quem eu era como pessoas e jogador e isso foi muito especial.Três golos no primeiro em que fui titular no Parken. É um dia que nunca esquecerei. Foi fantástico. Só quero ver até onde podemos ir e tenho fé na equipa, no treinador e na equipa técnica. Espero que consigamos alcançar algo especial este verão”. Rasmus Højlund

A equipa de Hjulmand, que disputou duas edições do Euro pela primeira vez desde 2004, foi sorteada no Grupo C. Defrontará a Inglaterra, numa desforra do Euro 2020, e a Sérvia, mas antes terá de enfrentar a Eslovénia em Estugarda.

O feito histórico da Geórgia

A Geórgia, o país com a pior classificação, tem uma estreia histórica no Euro 2024. O feito destacou o país pouco conhecido nos confins da Europa de Leste, cujo percurso até este sucesso inigualável nem sempre teve momentos bons.

Há quatro anos, nas eliminatórias afetadas pela Covid-19, a Geórgia teve a oportunidade de se apurar para o primeiro Euro na final do play-off contra a Macedónia do Norte.

A derrota indicou a necessidade de mudança e pôs em marcha o plano de qualificação para o torneio deste verão. O responsável pelo renascimento do futebol georgiano é o antigo internacional francês Willy Sagnol.

“Cheguei aqui durante a pandemia da Covid-19. A vida era triste em toda a Europa e todo o Mundo. A Geórgia tinha acabado de ser eliminada pela Macedónia do Norte nos play-offs para o Euro 2020. Precisámos de reconstruir e sarar as nossas mentes e corações”. Willy Sagnol

Apesar dos progressos realizados nos últimos quatro anos, a história do futebol georgiano vai mais longe. Três georgianos fizeram parte da equipa da URSS que ganhou o primeiro Euro em 1960.

Um golo de Vitaly Daraselia conquistou ao Dínamo de Tbilissi a Taça dos Vencedores das Taças de 1981, tornando-o o único clube georgiano a ganhar um troféu europeu. Um feito importante numa época de ouro do futebol georgiano.

No ano seguinte, representou a União Soviética no Mundial da FIFA, ao lado de três outros georgianos.

A Geórgia é uma nação independente, que emergiu das cinzas da União Soviética em 1991, num ambiente infértil para o futebol.

“Jogávamos futebol numa época muito dificil para o nosso país. Na década de 1990, havia falta de água e de gás, e toda a Geórgia estava mergulhada na escuridão. Jogávamos futebol em condições miseráveis”. Kakha Kaladze, jogador da Geórgia entre 1996-2011

Comandada por Guram Kashia, detentor do recorde de presenças, e liderada pelo símbolo do futebol georgiano Khvicha Kvaratskhelia, a Geórgia não perdeu um jogo e venceu o Grupo C da Liga das Nações, garantindo um lugar no "play-off", no qual derrotou a Grécia e assegurou o seu lugar no Grupo F do torneio deste verão.

“A seleção nacional tem um ótimo ambiente. O treinador merece todo o crédito por isso. Estamos todos unidos. Sinto-me privilegiado por fazer parte de uma equipa que fez História”. Khvicha Kvaratskhelia

A viagem inaugural da Geórgia ao Euro colocou-a num Grupo F complicado. A equipa de Sagnol enfrentará a Turquia e a Chéquia, antes do jogo contra Portugal, campeão de 2016.

Vinte e quatro equipas, seis grupos, 51 jogos e 10 estádios são os ingredientes que compõem a grande competição futebolística do ano, o UEFA Euro 2024, que arranca a 14 de junho e estende-se até 14 de julho, e realiza-se na Alemanha.