Carlos Silva, que é quadro do banco, entende que "não foram tomadas as devidas precauções por parte dos poderes públicos" neste caso, ao contrário da intervenção do Estado em outros bancos como o BCP, BPN ou BPP.
"O BPN causou um buraco para cima de oito mil milhões de euros ao Estado, não me parece que o Banco Espírito Santo e a família tenham custado qualquer buraco ao Estado, pelo contrário foi o único banco privado português que não recorreu à linha de financiamento que a 'troika' disponibilizou dos 12 mil milhões", declarou.
Carlos Silva vincou que se trata do "maior banco privado português, neste momento, é um banco da família, ostenta há mais de 150 anos o nome da família" e lamentou que "algumas decisões tenham sido tomadas pelos poderes públicos tenham sido decisões que vêm um pouco na sequência de uma campanha que foi feita na Comunicação Social, sobretudo na imprensa escrita, contra alguns dirigentes do BES".
"E eu não julgo que o BES esteja assim tão mal até porque há provas de que em termos de banco está devidamente consolidado, assim como a companhia de seguros Tranquilidade", insistiu, sublinhando que "o problema aqui foi a área não financeira da família".
Enquanto trabalhador do banco, Carlos Silva afirmou que acompanhou com preocupação o problema da sucessão e criticou a decisão do Banco de Portugal "de correr com a família".
"Com o devido respeito acho que é uma estratégia errada porque acima de tudo retira confiança a quem é depositante, aos investidores, põe em causa um nome consagrado da vida portuguesa e até em termos internacionais e acima de tudo estão em causa oito mil postos de trabalho", considerou.
O líder da UGT teme "a deriva perigosa" que este tipo de situações pode atingir no setor financeiro, e que pode "levar a um tratamento de choque" como o que aconteceu no BCP: "perante uma iminência do risco de colapso da instituição houve um despedimento coletivo ou rescisões com diminuição dos salários até 2017."
"Nós não queríamos que acontecesse o mesmo no BES", vincou.
Lusa