O Presidente da República saiu esta quarta-feira do Palácio de Belém, mas não comentou a decisão de António Costa em manter João Galamba no Governo. Perante uma crise política, à qual acresce um conflito institucional, Marcelo Rebelo de Sousa saiu para jantar, comer um gelado e conversar com os portugueses. E, como na política tudo tem um significado, Bernardo Ferrão e José Gomes Ferreira analisam a postura do chefe de Estado um dia depois do primeiro-ministro ter "virado o jogo contra ele".
O Presidente da República saiu “derrotado” depois do discurso do primeiro-ministro, que "virou o jogo contra Marcelo", começa por explicar Bernardo Ferrão. No entanto, o Presidente não o deixou transparecer esta quarta-feira, ao ter optado por sair do Palácio de Belém para jantar, comer um gelado e "passear a sua popularidade".
Na ótica de Bernardo Ferrão, o Presidente da República “gosta de fazer pequenas sondagens junto dos portugueses”, num momento que aparenta ser "leve e solto", mas que acarreta um peso político marcante.
No fundo, a saída do chefe de Estado tem um intuito, que é transmitir que "está tudo bem" e que "há uma normalidade, que as coisas têm o seu tempo".
Para José Gomes Ferreira, o Presidente pareceu confiante e sabe que se encontra numa "guerra estratégica de desgaste" com o primeiro-ministro. Ao contrário do que parece, diz Gomes Ferreira, Marcelo tem muitos trunfos.
E agora?
Bernardo Ferrão refere que “nos bastidores socialistas” falam-se em eleições antecipadas, enquanto Marcelo opta por se manter próximo dos portugueses, que nesta altura não confiam no Governo.
No entanto, José Gomes Ferreira traça a hipótese de que Marcelo poderá vir a ser muito mais exigente com a governação, marcando mais o terreno e apostando no desgaste. Para além disso, entende que António Costa poderá ter conseguido uma "pequena vitória tática", mas realça que “na grande guerra estratégica, o primeiro-ministro perde a cada dia que passa”.