Israel vai intensificar a ofensiva militar em Gaza. Foi também aprovado um plano para retomar a entrada de ajuda humanitária, que está bloqueada há mais de dois meses. Francisco Cudell, analista de Segurança e Defesa, questiona o modo como a ajuda humanitária tem sido distribuída e sublinha que "em 19 meses de guerra entraram em Gaza cerca de 1,8 milhões de toneladas de ajuda humanitária".
Questionado sobre o que é que esta nova ofensiva tem de diferente e se será mais desumana em relação aos palestinianos, Francisco Cudell responde:
"Na prática, estamos a assistir a um conflito que já dura há cerca de 19 meses e que começou com um ataque bárbaro a Israel. Desde então, temos vindo a assistir a contínuos ataques de Israel a Gaza (...) Os dados são que nestes 19 meses de guerra entraram em Gaza cerca de 1,8 milhões de toneladas de ajuda humanitária.
As contas feitas pelas entidades internacionais demonstram que a comida que tem sido entregue em Gaza para cerca de 2 milhões de habitantes, em termos calóricos, é superior àquilo que um ser humano necessita numa base diária.
Se este é o conflito mais reportado, não me recordo de ver um outro conflito em que uma das partes continuamente fornece ajuda humanitária à parte beligerante, temos que nos questionar onde é que estão 1,8 milhões de toneladas?", questiona.
Francisco Cudell sublinha que estes dados são reconhecidos pelo Ministério do Hamas e pelas Nações Unidas, ou seja, esta ajuda humanitária está a entrar em Gaza, mas não está a chegar à população.
"Vamos ter que ser frios e vamos ter que analisar aquilo que é público. Nós não podemos dizer simplesmente está a acontecer isto ou aquilo. O que é um facto é que nós temos visto vídeos sinistros de ajuda humanitária a entrar e a população a ter que recorrer à força para roubar a comida. O que não se compreende é como é que há elementos do Hamas que fuzilam palestinianos ou dão tiros nas pernas a quem rouba. E isto sim, é um terror que o Hamas está a fazer sobre a sua própria população", realça.
Donald Trump deverá visitar o Médio Oriente na próxima semana, entre os dias 13 e 16. Resta saber se a ajuda humanitária e a situação em que vivem muitos palestinianos é motivo de interesse para a visita do Presidente dos EUA.
Na análise à atualidade internacional, Cudell faz também um ponto de situação sobre a guerra na Ucrânia.