Guerra Rússia-Ucrânia

Rússia alerta para o "perigo" de ações militares dos EUA "através dos ucranianos"

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Riabkov
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Riabkov

Vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros acusa EUA de estarem mais comprometidos na Ucrânia do que na crise dos mísseis de Cuba, há 60 anos.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Riabkov acusou os Estados Unidos de estarem mais comprometidos na Ucrânia do que na Crise dos Mísseis de Cuba, há sessenta anos.

"Após ter recebido uma resposta decidida no nosso país (URRS, durante a crise dos mísseis de 1962), Washington, ao contrário do que aconteceu há sessenta anos, continua a comprometer-se estando convencido na capacidade de controlar a escalada na Ucrânia sem sofrer danos", disse Riabkov, citado pela imprensa da Rússia.

"Com o calculismo de quem controla os 'fantoches', os Estados Unidos vão continuar a levar a cabo ações bélicas contra nós através dos ucranianos, reféns e vítimas desta situação. Trata-se de uma quimera muito perigosa", alertou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros de Moscovo.

Riabkov acrescenta que é preciso evitar "que os acontecimentos evoluam". O diplomata russo expressou "confiança" nos "atuais políticos dos Estados Unidos" no sentido de tomarem consciência das mesmas responsabilidade pelo "destino do mundo que demonstraram os líderes soviéticos e norte-americanos durante a solução político-diplomática da crise das Caraíbas (1962)".

"Não existem outras alternativas racionais para isto", sublinhou."Restam apenas canais de trabalho através das embaixadas. Conversas telefónicas isoladas. Se eles (Estados Unidos) consideram que não faz falta mais nada, assumimos isto como uma postura que falha. É a posição deles", afirmou.

Moscovo garante que "não recusou nenhuma via de contacto"

No dia 14 de outubro de 1962, os Estados Unidos detetaram a presença de mísseis nucleares russos de médio alcance em Cuba. A situação gerou uma crise política e diplomática entre Moscovo e Washington que finalmente se solucionou com a retirada das armas e a adoção de medidas de desanuviamento por ambas as partes.

Nas atuais condições do conflito na Ucrânia, segundo Riabkov, Moscovo "não recusou nenhuma via de contacto".

"Não há nenhuma iniciativa, nenhuma proposta. Nós não pedimos nada a ninguém. Para que os contactos tenham sentido é necessário interesse de ambas as partes", declarou.

De acordo com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, "os contactos foram interrompidos pelos Estados Unidos com desculpas inventadas a vários níveis".

Troca de prisioneiros entre Rússia e EUA não sofreu avanços, diz Riabkov

Mesmo em relação à troca de prisioneiros com os Estados Unidos, em que o presidente Joe Biden chegou a mostrar interesse, não há qualquer avanço, assinalou Riabkov. Mesmo assim, admitiu que Washington e Moscovo vão continuar a discutir a possibilidade de criar uma comissão bilateral de consultas sobre o novo tratado START prorrogado em fevereiro de 2021.

"Não há nada definido, está tudo a analisar-se. Informaremos quando se chegue a um acordo. Ainda é muito cedo para se falar disso", declarou.

Sobre as atuais manobras de contenção nuclear da NATO 'Steadfast Noon' disse que "não representam nada de extraordinário" e que são "algo que acontece de forma periódica", mas acrescentou que se trata de "violação" do "regime" de não-proliferação nuclear porque permite a preparação de países que não dispõem de armamento nuclear.

"Evidentemente, seguimos com atenção tudo isto para sabermos do que acontece, por parte da NATO", concluiu