A autoridade de energia atómica ucraniana Energoatom acusou esta terça-feira a Rússia de ter raptado dois funcionários da central de Zaporíjia, a maior central nuclear da Europa, que está sob controlo russo desde 4 de março.
As forças russas "raptaram" o diretor de informática da central, Oleg Kostioukov, e o vice-diretor geral Oleg Ocheka, e "levaram-nos para um destino desconhecido", disse a Energoatom, num comunicado divulgado nas redes sociais.
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, assegurou que a Rússia e a Ucrânia estão "manifestamente" dispostas a aceitar a criação de uma zona de proteção em torno da central nuclear.
A zona poderia garantir que a maior central nuclear da Europa deixe de estar "numa situação tão precária", disse Grossi, numa entrevista ao jornal argentino 'La Nación'.
Central nuclear de Zaporijia ficou novamente sem energia elétrica
Na segunda-feira, Zaporíjia ficou novamente sem energia elétrica da rede externa, dependendo de geradores a diesel para o arrefecimento dos reatores, com Ucrânia e Rússia a acusarem-se mutuamente de responsabilidade pela situação.
A Energoatom disse que a central foi desligada da rede elétrica durante a madrugada, devido a bombardeamentos russos de uma subestação.
Com o corte de energia externa, "o transformador de reserva para as necessidades" da central "foi desligado e os geradores a diesel foram iniciados", segundo a Energoatom.
A Rússia, por sua vez, acusou as forças ucranianas de serem responsáveis pela situação na central, a maior do género na Europa.
O presidente do movimento "Estamos juntos com a Rússia", Vladimir Rogov, disse à agência oficial russa TASS que os bombardeamentos ucranianos impedem o reinício do funcionamento da central.
Segundo Rogov, é necessário que "os bombardeamentos dos militantes do [Presidente ucraniano, Volodymyr] Zelensky parem e que todas as linhas elétricas sejam restauradas".
Desde então, tem sido um dos principais focos da guerra na Ucrânia, dado o perigo de ocorrer um desastre nuclear como o da central ucraniana de Chernobyl, em 1986, o mais grave de sempre no mundo, quando o país integrava a antiga União Soviética.
As acusações
Ucrânia e Rússia acusam-se mutuamente de lançar ataques contra a área circundante, pondo em perigo a segurança da central e da região.
Uma missão especial da AIEA começou, em agosto, a avaliar o estado das instalações e dos seus trabalhadores, mantendo uma equipa na central.
Na semana passada, o diretor da AIEA, Rafael Grossi, reuniu-se com autoridades ucranianas e russas para tentar um acordo que permita a desmilitarização da central.
"A situação da central é insustentável e precisamos de ação imediata para a proteger", comentou na rede social Twitter na sexta-feira, ao regressar de Kiev.