A ONU denunciou que tanto a Rússia, como a Ucrânia, torturaram prisioneiros de guerra durante os quase nove meses do conflito em solo ucraniano.
O alerta foi feito pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que revela casos de uso de choques elétricos ou nudez forçada.
A equipa da ONU na Ucrânia fez a denúncia depois de entrevistar mais de 300 prisioneiros de guerra dos dois lados do conflito.
A missão teve livre acesso aos locais de detenção dos prisioneiros de guerra russos, na Ucrânia. No entanto, as entrevistas com prisioneiros ucranianos foram conduzidas após a sua libertação, uma vez que a Rússia não permite o acesso aos locais de detenção.
A tortura e os abusos
A missão revelou que "grande parte" dos prisioneiros capturados pelas forças russas admitiram ter sido torturados e vítimas de maus-tratos, com agressões e ameaças.
Após serem detidos, alguns dos prisioneiros são espancados. No transporte para o local de detenção, são levados "muitas vezes em camiões ou autocarros sobrelotados", sem terem acesso a água ou casa de banho durante mais de um dia.
"As mãos estavam amarradas e os olhos tapados com tanta força que deixaram feridas nos pulsos e no rosto", avançou a chefe da missão das Nações Unidas, Matilda Bogner.
A ONU também recebeu "alegações credíveis" de execuções sumárias de prisioneiros de guerra russos capturados pelas forças ucranianas, assim como relatos de tortura e maus-tratos.
"Documentámos casos de tortura e maus-tratos, principalmente quando as pessoas foram capturadas ou enquanto estavam no interrogatório inicial ou a ser transferidas para campos de trânsito e locais de reclusão", explicou Bogner.
“A proibição de tortura e maus-tratos é absoluta”
"A proibição de tortura e maus-tratos é absoluta, mesmo - na verdade, especialmente - em tempos de conflito armado", disse a chefe da missão de Direitos Humanos enviada à Ucrânia, durante uma conferência em Kiev.
Matilda Bogner lembrou também que os dois países fazem parte da 3.ª Convenção de Genebra, que estabelece os requisitos para a forma como os prisioneiros de guerra são tratados.