O primeiro-ministro, António Costa, anunciou esta quarta-feira que Portugal tem em execução o plano de manutenção dos tanques Leopard 2 e que está em condições de dispensar três para a Ucrânia no próximo mês de março.
“Nós neste momento temos em execução o plano de recuperação, de manutenção, dos tanques Leopard 2 e de acordo com a execução do plano estamos em condições de poder dispensar três no próximo mês de março”, afirmou António Costa no parlamento.
O primeiro-ministro respondia ao deputado Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal, no debate preparatório do Conselho Europeu, no Parlamento.
No sábado, António Costa assegurou que Portugal vai ceder às Forças Armadas ucranianas tanques Leopard 2 e adiantou que está em curso uma operação logística com a Alemanha para recuperação de alguns carros de combate.
Nesta ocasião António Costa também procurou salientar que o envio de tanques para a Ucrânia não colocará em causa a capacidade militar nacional em termos de equipamento.
De acordo com o primeiro-ministro, Portugal está a trabalhar com a Alemanha para "permitir uma operação logística de fornecimento de peças, tendo em vista concluir a recuperação de alguns dos carros [de combate] que não estavam operacionais".
Já sobre a controvérsia relacionada com o facto de vários destes tanques Leopard 2, adquiridos pelas Forças Armadas em 2007, estarem sem manutenção há muitos anos, o primeiro-ministro contrapôs que a expressão "muitos anos é um exagero".
"Alguns não estão operacionais e, por isso mesmo, temos de trabalhar simultaneamente com quem produz para assegurar a cadeia de abastecimento necessária, tendo em vista recuperar tanques que temos neste momento inoperacionais e podermos dispensar tanques operacionais, ficando nós com a nossa própria capacidade devidamente salvaguardada. É essa operação logística que está em curso", justificou.
A 20 de janeiro, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), almirante Silva Ribeiro, indicou que Portugal tem 37 tanques Leopard.
As intervenções de Inês Sousa Real e André Ventura
Momentos antes, a deputada única do PAN, Inês Sousa Real tinha questionado o primeiro-ministro sobre se Portugal iria enviar mais ajuda humanitária, além da prevista, para a Turquia e Síria, na sequência do sismo, interrogando também o líder do executivo sobre o apoio à Ucrânia ao nível de um eventual envio de aeronaves.
"Sim, iremos enviar apoio humanitário não só à Turquia e à Síria como também está a seguir para o Chile uma missão para apoiar este país no combate aos incêndios florestais. E esta circunstância é uma oportunidade muito importante para acelerarmos todos os mecanismos da transição verde e felizmente isso está a acontecer", respondeu.
O líder do Chega, André Ventura, aproveitou a ocasião para perguntar a António Costa se mantinha a confiança política no ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, que esteve esta manhã na comissão parlamentar de Defesa a responder a perguntas relacionadas com a polémica dos custos nas obras do antigo Hospital Militar de Belém.
Ventura considerou que Cravinho - que foi ministro da Defesa entre 2018 e 2022 - "é uma bolha prestes a rebentar" e apontou-lhe "inconsistência e incoerência".
"Verdadeiramente para si ninguém teria lugar neste Governo porque, seja franco, é contra a existência deste Governo", respondeu Costa, que atirou a Ventura que cria o executivo à sua medida e não "à medida" do líder do Chega.
"E pronto, acho que ficamos os dois igualmente satisfeitos e cada um cumpre a sua função", rematou.