1 – Se Rússia vencer na Ucrânia “alguns lugares da Assembleia Geral podem ficar vagos”
Foi uma das ideias fortes do Presidente da Ucrânia na AG da ONU: a agressão russa não tem só a ver com a Ucrânia, tem a ver com todos nós, porque uma Rússia vencedora seria ameaça para muitos outros países. Zelensky acusa Moscovo de "claro genocídio" pelo "rapto em massa" de crianças ucranianas. “Em cada década, a Rússia começa uma nova guerra”, afirmou Zelensky, apontado que Moscovo ocupa parte da Moldávia, da Geórgia e combateu na Síria, transformando-a em “ruínas”. “A Rússia engoliu a Bielorrússia, está a ameaçar o Cazaquistão e ameaça os Estados Bálticos. A Rússia transforma a guerra contra o povo numa arma contra vocês, contra o direito internacional baseado em leis”, indicou Volodymyr Zelensky. “Alguns lugares da Assembleia Geral podem ficar vagos”.
2 – Biden: "A Rússia tem de ser responsabilizada. Quer a capitulação, o território e as crianças ucranianas"
Vale a pena reter boa parte do discurso de Joe Biden na AG da ONU: “Só a Rússia é responsável por esta guerra; só a Rússia pode pôr imediatamente fim a esta guerra. E só a Rússia está a impedir a paz, porque o preço que a Rússia exige pela paz é a capitulação da Ucrânia, o território ucraniano e as crianças ucranianas. A Rússia acredita que o Mundo vai cansar-se e permitir-lhe brutalizar a Ucrânia sem consequências. Mas pergunto-vos o seguinte, se abandonarmos os princípios fundamentais dos EUA para apaziguar um agressor, pode algum Estado-membro sentir-se confiante de que está protegido? Se permitirmos que a Ucrânia seja retalhada, estará a independência de qualquer nação segura? Sugiro respeitosamente que a resposta é não. E é por isso que os EUA, juntamente com os nossos aiados e parceiros em todo o mundo, continuarão a apoiar o corajoso povo da Ucrânia, na defesa da sua soberania, integridade territorial e liberdade. Os Estados Unidos procuram um mundo mais seguro, mais próspero e mais igual para todos, porque sabemos que o nosso futuro está ligado ao do mundo. E nenhuma nação pode enfrentar os desafios de hoje sozinha. Devemos enfrentar hoje esta agressão flagrante para dissuadir outros possíveis agressores amanhã”.
3 – Guterres: “É reforma ou rutura”
A invasão da Ucrânia pela Rússia, o aquecimento global e a necessidade de reformas institucionais estiveram em foco no discurso do secretário-geral das Nações Unidas. “Se não alimentamos quem tem fome, estamos a alimentar conflito”, alertou. "O mundo mudou. As nossas instituições não. Não podemos resolver eficazmente os problemas tais como eles são se as instituições não refletirem o mundo tal como ele é. Em vez de resolverem problemas, correm o risco de se tornarem parte do problema", disse Guterres, que se tem posicionado como um forte defensor de reformas das instituições financeiras internacionais e do Conselho de Segurança da ONU, apelando esta terça-feira ao seu alargamento à União Africana.
Para Guterres a invasão da Ucrânia pela Rússia é "prova" de uma violação da Carta das Nações Unidas e que criou "um mundo de insegurança para todos". O secretário geral voltou a dar destaque à guerra lançada pela Rússia na Ucrânia no momento em que sublinhava a importância do compromisso de paz patente na Carta das Nações Unidas. “Em vez de se acabar com o flagelo da guerra, estamos a assistir a uma onda de conflitos, golpes de Estado e caos. Se todos os países cumprissem as suas obrigações nos termos da Carta, o direito à paz estaria garantido. Um mundo multipolar necessita de instituições multilaterais fortes e eficazes, e não de uma governação presa no tempo. Estamos cada vez mais perto de uma Grande Fratura nos sistemas económicos e financeiros e nas relações comerciais; que ameaça uma Internet única e aberta; com estratégias divergentes em tecnologia e inteligência artificial; e estruturas de segurança potencialmente conflitante. Isso significa reformar o Conselho de Segurança de acordo com o mundo de hoje. Significa redesenhar a arquitetura financeira internacional para que se torne verdadeiramente universal e sirva como uma rede de segurança global para os países em desenvolvimento em dificuldades"..
4 – Rússia não devia ter direito de veto
“Os soldados ucranianos estão a fazer com o seu sangue o que o Conselho de Segurança deveria fazer com os seus votos: parar a agressão russa”. A frase, eloquente, é de Zelensky e denota a disparidade entre a inconsequência do Conselho de Segurança e a urgência da defesa da Ucrânia no terreno.
O presidente ucraniano quer que a Rússia perca direito de veto enquanto durar a agressão e propõe que a Assembleia Geral, por maioria qualificada, possa anular vetos saídos do Conselho de Segurança. Já Lavrov, numa narrativa russa de inversão, acusa Ocidente de se intrometer nos assuntos internos da Ucrânia desde o fim da URSS. Blinken invoca “crimes contra a humanidade” russos.
5 – China ambígua (uma vez mais)
Han Zheng, vice-presidente da China, defendeu, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que a soberania e a integridade territorial “devem ser respeitadas”, assim como os princípios da Carta das Nações Unidas. Mas também avisou alguns países: “Não devem atirar achas para a fogueira”. A China está preocupada com a retoma do acordo dos cereais.
Putin irá visitar a China em outubro a convite do homólogo chinês, Xi Jinping, a primeira viagem ao país desde o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022. Putin disse estar "encantado" por aceitar o convite feito durante um encontro na Rússia com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, indicou a televisão estatal russa, sem que se tenha adiantado uma data concreta para a visita.
6 – Zelensky regressou a Washington
O Presidente dos EUA espera ouvir do homólogo ucraniano o que se passa no campo de batalha. A visita de Zelensky aos EUA, nove meses depois da primeira vez que foi a Washington desde o início da guerra, acontece num contexto diferente daquele em que foi recebido no ano passado, com a contraofensiva a obter progressos lentos e o congresso norte-americano dividido sobre o apoio a providenciar a Kiev. Apesar das divisões, o líder norte-americano vai garantir a Zelensky o apoio de Washington pelo tempo que for necessário, adiantou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby. Antecipa-se que durante a visita de Zelensky aos EUA seja anunciado um novo pacote de apoio e, de acordo com Kirby, o envio dos ATACMS “não está fora da mesa”.
7 – Varsóvia deixa de fornecer armas a Kiev
O primeiro-ministro polaco revelou que o seu país deixou de fornecer armas a Kiev, para se concentrar no seu próprio armamento, horas depois das palavras do Presidente ucraniano sobre o veto de cereais da Ucrânia. "Já não transferimos armas para a Ucrânia, porque nos armamos com as armas mais modernas", frisou Mateusz Morawiecki,. O primeiro-ministro não disse quando a Polónia, que é um dos maiores fornecedores de armas da Ucrânia, deixou de fornecê-las, nem se esta decisão teve algo a ver com o conflito em torno dos cereais ucranianos. "Estamos principalmente concentrados na modernização e no armamento rápido do Exército polaco, para que se torne um dos Exércitos terrestres mais poderosos da Europa, e num espaço de tempo muito curto".
Zelensky disse na ONU que é "alarmante" como alguns "amigos" na Europa fingem solidariedade. Mesmo após a saída russa do acordo de cereais, a Ucrânia trabalha para garantir a segurança alimentar mundial. “Lançamos um corredor dos nossos portos e estamos a trabalhar para preservar os corredores terrestres para exportações”, explicou. “É alarmante como alguns na Europa, como alguns dos nossos amigos na Europa, fingem-se solidários no teatro político nesta questão. E pode parecer que estão a cumprir o seu papel, mas estão na verdade a ajudar a Rússia”.
Já o ministro dos Bens do Estado polaco, Jacek Sasin, confirmou que a Polónia não fornecerá armas à Ucrânia, mas indicou que uma mudança de opinião não estava fora de questão. "Neste momento é como o primeiro-ministro disse; no futuro, veremos", afirmou o governante, em declarações à “Rádio Plus”. O porta-voz do Governo polaco, Piotr Muller, disse que a Polónia só entregaria as armas e munições que tinham sido previamente acordadas em acordos assinados com Kiev. O compromisso inclui uma grande remessa de veículos blindados AHS Krabs. No entanto, o porta-voz do Executivo polaco atirou: "Recentemente houve uma série de declarações e gestos diplomáticos inaceitáveis por parte da Ucrânia."
8 – Ucrânia e Eslováquia chegam a acordo sobre cereais
Os ministros da Agricultura da Eslováquia e da Ucrânia concordaram em estabelecer um sistema de licenciamento para o comércio de cereais, permitindo que a proibição das importações de quatro produtos ucranianos para a Eslováquia seja levantada, revelou o Ministério da Agricultura eslovaco. A Ucrânia também concordou em suspender uma queixa sobre a proibição de importações, que tinha apresentado contra a Eslováquia junto da Organização Mundial do Comércio. Falta o acordo com a Polónia.
9 – Ucrânia diz ter atacado base aérea de Saky, na Crimeia, provocando "sérios danos"
A Ucrânia atacou base russa na Crimeia em operação especial. Foram registados "danos significativos" nos equipamentos russos. O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) e a marinha lançaram uma operação especial para atacar a base russa de Saky na Crimeia, península anexada em 2014. “Para derrotar os inimigos foram usados drones para sobrecarregar os sistemas de defesa aéreos e depois lançaram mísseis Neptune”, cita a Suspilne. Não é a primeira vez que a infraestrutura russa na Crimeia é alvo de um ataque. Em agosto do ano passado várias explosões atingiram a base, provocando um morto e 13 feridos, além de destruindo e danificando pelo menos oito aviões.
10 – Bélgica pondera envio de caças F-16 à Ucrânia
A Ucrânia poderá ver mais um aliado a juntar-se à coligação internacional para fornecer os aguardados caças. A Bélgica está a substituir os seus modelos F-16 por F-35 e está a ponderar cedê-los a Kiev. Inicialmente a Bélgica tinha afastado essa hipótese, com o ministro da Defesa a defender que eram demasiado velhos para serem usados. No entanto, o Presidente Alexander De Croo veio dizer que talvez possam ser aproveitados, nomeadamente para treinar os pilotos ucranianos. Já o ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, considerou que é necessário que os aliados continuem a apoiar Kiev até porque acredita que “até que a Ucrânia vença, ninguém está seguro”.