Guerra Rússia-Ucrânia

Análise

O "enorme significado" da Reunião em Kiev: "É a 1.ª vez na guerra que os MNE dos 27 estão juntos na Ucrânia"

Germano Almeida, comentador da SIC, analisa a reunião surpresa dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia na Ucrânia, o apoio dos Estados Unidos, a "confusão" no Reino Unido em relação à formação de soldados ucranianos e as eleições na Eslováquia.

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Germano Almeida, comentador da SIC, destaca que a reunião surpresa desta segunda-feira dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia tem um "enorme significado". O comentador da SIC considera que, apesar da medida de financiamento de emergência, os EUA não vão deixar de apoiar a Ucrânia. Na Edição da Manhã, esclarece a "confusão" entre o primeiro-ministro do Reino Unido e o ministro da Defesa e diz ainda estar "muito preocupado" com a Eslováquia, após as eleições legislativas.

Apoio dos EUA à Ucrânia

O Presidente dos Estados Unidos aprovou uma medida de financiamento de emergência, evitando à última hora a paralisação do Governo durante 45 dias. O acordo feito não inclui ajuda à Ucrânia. No entanto, Germano Almeida destaca que Joe Biden "deu a entender" que havia um acordo "paralelo" só de ajuda a Kiev.

"Já houve muitos pacotes e uma grande margem de ajuda previamente acordada, que está neste momento a esgotar-se", afirma ainda.

O Presidente dos Estados Unidos apelou a McCarthy que "mantenha o seu compromisso com o povo da Ucrânia e garanta a aprovação do apoio necessário para ajudar a Ucrânia neste momento crítico".

Reunião surpresa em Kiev dos MNE da UE

Sobre a reunião surpresa desta segunda-feira dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), Germano considera que tem um "enorme significado".

"É a primeira vez desde o início da guerra que os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 estão em solo ucraniano todos juntos", realça.

O comentador da SIC defende que os responsáveis estão "claramente" a falar sobre o apoio da UE à Ucrânia.

PM do Reino Unido desmente ministro da Defesa

Em relação à "confusão" do Reino Unido, após o primeiro-ministro ter desmentido o ministro da Defesa, Germano explica que Grant Shapps é um novo ministro e que "tem dado sinais" sobre o apoio à Ucrânia.

O Reino Unido quer formar até ao final do ano mais 7 mil soldados ucranianos para completar 30 mil, aponta. O ministro da Defesa deixou escapar que o treino pode vir a ser feito na Ucrânia, mas o primeiro-ministro britânico veio, entretanto, desmentir disse que, para já, não há planos.

"Possivelmente até irão militares, instrutores britânicos a solo ucraniano fazer a instrução aos 7 mil que faltam. A ser verdade, seria um passar de linha vermelha porque seria colocar tropas da NATO em território de guerra", acrescenta.

Mais de 23.500 recrutas ucranianos já receberam formação no Reino Unido, desde o início de 2022.

Eleições na Eslováquia

Sobe as eleições na Eslováquia, em que o antigo primeiro-ministro populista pró-russo venceu as legislativas, Germano Almeia considera que "o pior aconteceu".

"Estou muito preocupado com o que aí vem", afirma.

Nenhum partido conseguiu a maioria dos assentos no parlamento, mas caso Robert Fico consiga formar uma coligação e regressar ao poder, após cinco anos de interregno, já se comprometeu a "cessar imediatamente qualquer entrega de ajuda militar à Ucrânia".

"Já foi primeiro-ministro da Eslováquia, mas em alturas diferentes. Na Checoslováquia foi do partido comunista. Depois com a entrada na União Europeia parecia um europeísta. Mas nos últimos anos foi-se radicalizando", explica.

Na Edição da Manhã, Germano Almeida aponta ainda que só 40% dos Eslovacos acham que a responsabilidade da guerra é da Rússia e que 60% apontam culpas aos Estados Unidos, à NATO ou à Ucrânia.