Victor Ângelo, ex-secretário-geral da ONU, concorda com o apelo de Josep Borrell para o fim das restrições ao uso de armas em território russo. Em relação à incursão ucraniana em Kursk, diz que tem aumentado o "prestígio" da Ucrânia e mostrado as "fraquezas" da Rússia.
Na SIC Notícias, o ex-responsável explica que os ucranianos precisam de utilizar as armas cedidas pelos aliados para "atacar a Rússia em profundidade". Por isso, diz que concorda com o apelo do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, para levantamento de restrições à utilização de armamento contra alvos militares russos.
"Os ataques são fundamentais para evitar que os russos utilizem aeroportos distantes, bases logísticas longe da fronteira ucraniana (...). É fundamental que mísseis de diferentes armamentos fornecidos pelos Aliados possam atingir bases russas indispensáveis aos russos", afirma.
Victor Ângelo acredita que não haverá um consenso em relação ao fim das restrições, uma vez que há países que se opõe à utilização do armamento ocidental.
O ex-secretário-geral da ONU explica que a "principal preocupação" desses países é a "prudência", uma vez que não querem que a Rússia diga que está a ser atacada pelo Ocidente e que provoque uma escalada de conflito.
Contudo, sublinha que, se os ucranianos não puderem utilizar as armas, "não conseguirão responder aos ataques em massa dos russos".
Sobre a incursão ucraniana em Kursk, diz tem "vários objetivos". A nível militar, a Ucrânia pretende que a Rússia desvie as tropas russas no Donbass para Kursk. Além disso, quer ter "moeda de troca" para um eventual processo negocial.
Victor Ângelo destaca ainda que a incursão ucraniana em Kursk tem "aumentar o prestígio das forças armadas" da Ucrânia e tem mostrado que a Rússia tem "fraquezas muito grandes".
A Ucrânia garantiu na terça-feira que controla 100 localidades e 1.294 quilómetros quadrados na região fronteiriça russa de Kursk, onde capturou 594 soldados inimigos desde o início da ofensiva, há três semanas.