Ao início da tarde, o fogo descia a montanha e inclinava-se para o lado direito onde existem habitações, algumas com vários animais. Quase não havia vento, mas a temperatura superior a 30.º dificultava as operações.
Apreensivos, os moradores da Ponta do Sol exigiam mais descargas dos meios aéreos. Houve quatro durante a manhã desta sexta-feira.
“Após a passagem dos meios aéreos, [isso] resultou e conseguiu acalmar o fogo. Obviamente que ele continua a lavrar, é visível”, explicou Célia Pessegueiro, presidente da câmara municipal de Ponta do Sol.
O presidente do Governo Regional pelo menos não via, ou não queria ver, e à mesma hora negava o fogo.
“Como é que Miguel Albuquerque vai ver o que há aqui na Ponta do Sol se ele está para o lado do Pico do Areeiro”, disse à SIC uma habitante local.
Durante a tarde, o vento soprava mais forte, as chamas ganhavam músculo e os bombeiros formavam um cordão para travar o progressão do fogo. Houve derrocadas, estradas encerradas por questões de segurança e algumas árvores consumidas pelas chamas tombaram. Os Canadair espanhóis voltavam a entrar em ação.
Em algumas regiões, o fogo está extinto e as populações começam a regressar, no entanto, quem mora na Fajã das Galinhas continua sem conseguir pôr o pé em casa. O incêndio tem agora uma frente na Ponta do Sol, a oeste da ilha.
“Passou o primeiro dia, o segundo dia, ao terceiro dia, isto já estava tudo descontrolado. Tinha de se ter pedido ajuda mais cedo, muito mais cedo. Com estes Canadair tenho a certeza que isto vai ter fim”, diz João Campanário, presidente da junta de freguesia de Ponta do Sol
A proteção civil regional, entre informações e comunicados contraditórios à comunicação social, alguns sem qualquer adesão à realidade, confirmava que a situação melhorou, mas há outro problema por resolver, a falta de água em algumas localidades.
“As cinzas contaminaram esta água e o reservatório também. Nós tivemos que deitar o sistema abaixo, tirar toda a água que estava contaminada com esta cinza e voltar a enchê-lo com água de melhor qualidade”, explica Amílcar Gonçalves, responsável água e resíduos da Madeira.
As autoridades asseguram que não há perigo para a saúde pública e nos próximos dias a situação será reposta. O governo regional promete apoios a quem foi afetado pelo incêndio e a ministra do Ambiente também.
“Temos o objetivo de plantar um número impressionante de árvores, nós temos de reflorestar o país”, revelou Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e da Energia.
O Partido Socialista (PS) já pediu uma audição parlamentar urgente à ministra da Administração Interna. Quer esclarecer a gestão política do combate ao incêndio que 10 dias depois ainda está por dominar. A chuva prevista no fim de semana pode ser a ajuda decisiva que está a faltar