Invasão em Brasília

Voto de Luiz Fux abre caminho para recurso de Bolsonaro no plenário do Supremo Tribunal Federal

Um dos cinco juízes do tribunal federal brasileiro que julga Jair Bolsonaro aproximou-se dos argumentos do ex-presidente. Luiz Fux pediu a anulação do julgamento e rejeitou o crime de associação criminosa. Jair Bolsonaro e outros sete arguidos estão a ser julgados por tentativa de golpe de Estado e associação criminosa, entre outros crimes.

O juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Luiz Fux, durante a fase final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de planejar um golpe para reverter as eleições de 2022, em Brasília, Brasil, 10 de setembro de 2025.
Loading...

Luiz Fux era a esperança dos bolsonaristas e da defesa do ex-presidente brasileiro. Só Fux poderia abrir uma brecha que permitisse ao ex-presidente recorrer para o plenário do Supremo Tribunal Federal, onde, em vez de cinco, Bolsonaro seria julgado por 11 juízes.

Fux falou horas a fio e entrou, qual jogador de futebol mais interessado nas pernas do adversário do que na bola, a pés juntos. Ou seja, se Bolsonaro já não era presidente da República à época dos factos, este julgamento, no entender de Fux, deveria acontecer na primeira instância e não no Supremo.

Ainda assim, Fux continuou. E, à medida que esboçava argumentos, ia-se aproximando de Bolsonaro. Na ótica deste terceiro dos cinco juízes a votar, um dos crimes do topo da acusação deveria cair de imediato.

Esta quarta-feira foi toda para Luiz Fux. Nos dias anteriores, tinham votado dois juízes: o relator, o juiz Alexandre de Moraes, foi o primeiro. Condenou os oito arguidos a todos os crimes que constavam da acusação. Destacando um da lista de Bolsonaro, na terça-feira, o juiz Flávio Dino tinha votado ao lado de Moraes.

Bolsonaro arrisca pena de 40 anos de prisão

A defesa de Bolsonaro continua a afirmar a inocência do cliente. Faltam votar dois juízes, incluindo o presidente. Mesmo que Bolsonaro venha a ser condenado, a defesa do antigo presidente acredita que, com um voto favorável ao cliente, já haverá margem para recurso.

Esta primeira fase terá desfecho na sexta-feira, com a aplicação das penas, em caso de condenação. Bolsonaro, no pior dos cenários para o ex-presidente, pode apanhar uma pena acumulada de 40 anos.

O alegado líder da tentativa de golpe de Estado, impossibilitado de se candidatar à presidência da República até 2030, permanece preso em casa.