Luiz Fux era a esperança dos bolsonaristas e da defesa do ex-presidente brasileiro. Só Fux poderia abrir uma brecha que permitisse ao ex-presidente recorrer para o plenário do Supremo Tribunal Federal, onde, em vez de cinco, Bolsonaro seria julgado por 11 juízes.
Fux falou horas a fio e entrou, qual jogador de futebol mais interessado nas pernas do adversário do que na bola, a pés juntos. Ou seja, se Bolsonaro já não era presidente da República à época dos factos, este julgamento, no entender de Fux, deveria acontecer na primeira instância e não no Supremo.
Ainda assim, Fux continuou. E, à medida que esboçava argumentos, ia-se aproximando de Bolsonaro. Na ótica deste terceiro dos cinco juízes a votar, um dos crimes do topo da acusação deveria cair de imediato.
Esta quarta-feira foi toda para Luiz Fux. Nos dias anteriores, tinham votado dois juízes: o relator, o juiz Alexandre de Moraes, foi o primeiro. Condenou os oito arguidos a todos os crimes que constavam da acusação. Destacando um da lista de Bolsonaro, na terça-feira, o juiz Flávio Dino tinha votado ao lado de Moraes.
Bolsonaro arrisca pena de 40 anos de prisão
A defesa de Bolsonaro continua a afirmar a inocência do cliente. Faltam votar dois juízes, incluindo o presidente. Mesmo que Bolsonaro venha a ser condenado, a defesa do antigo presidente acredita que, com um voto favorável ao cliente, já haverá margem para recurso.
Esta primeira fase terá desfecho na sexta-feira, com a aplicação das penas, em caso de condenação. Bolsonaro, no pior dos cenários para o ex-presidente, pode apanhar uma pena acumulada de 40 anos.
O alegado líder da tentativa de golpe de Estado, impossibilitado de se candidatar à presidência da República até 2030, permanece preso em casa.