O velório de Jorge Sampaio vai realizar-se este sábado, no antigo Picadeiro Real, em Belém, e o funeral realiza-se no domingo.
As cerimónias fúnebres de Jorge Sampaio vão ter honras de Estado, mas por vontade da família vão ser mais simples do que as de Mário Soares.
Este sábado de manhã, o corpo do antigo Presidente da República sai do Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, em direção ao Picadeiro Real de Belém, onde se realiza o velório.
Com escolta de batedores da PSP, tem apenas uma paragem, em frente à Câmara de Lisboa, para uma homenagem, prevista para as 10:35, de onde seguirá às 10:45 para o Museu dos Coches, passando pela Praça do Comércio.
O velório, que será aberto ao público, tem início às 12:00 e decorre até às 23:00.
No domingo, a cerimónia oficial vai decorrer no Mosteiro dos Jerónimos a partir das 11:00. A cerimónia, não religiosa, vai contar com discursos da família e das três mais altas figuras do Estado.
Às 13:00, o corpo de Jorge Sampaio segue para o cemitério do Alto de São João, onde vai ficar no jazigo da família, numa cerimónia privada.
Sampaio estava internado há duas semanas
O antigo Presidente da República morreu esta sexta-feira, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, onde estava internado desde o dia 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias.
Sampaio estava de férias com a família no Algarve quando teve de ser internado no Hospital de Portimão, tendo depois sido transferido para o Hospital de Santa Cruz, onde era acompanhado.
Jorge Fernando Branco de Sampaio aderiu ao PS em 1978 e chegou a líder do partido em 1989. Na mesma altura, foi eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido reeleito em 1993.
Jorge Sampaio foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1996 e 2006.
Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado, em 2006, enviado especial para a Luta contra a Tuberculose pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Entre 2007 e 2013, foi o alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.
Jorge Sampaio presidia atualmente à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, que o próprio fundou em 2013, com o objetivo de contribuir para a resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens para trás e sem acesso à educação.
Jorge Sampaio desempenhou, ao logo da sua vida, os mais altos cargos políticos no país.
Iniciou o seu percurso, ainda estudante, como um dos protagonistas, na Universidade de Lisboa, da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, até ao 25 de Abril de 1974.
Jorge Sampaio, o Presidente das emoções
Jorge Sampaio entusiasmava-se com a mensagem que transmitia, da mesma maneira que vibrava com os afetos que recebia.
Em 2004, na final do Euro de futebol, em Lisboa, também foram dele as lágrimas dos jogadores derrotados.
"As lágrimas que ontem vi nos vossos rostos confirmaram o vosso patriotismo, por isso parabéns", disse Sampaio.
Partilhar dessa forma a dor de uma seleção de futebol não apanhou de surpresa um país que, desde 1996, ano em que foi eleito, se habituou ao Presidente que não escondia a emoção.