Em análise ao debate parlamentar desta quinta-feira, onde esteve presente o primeiro-ministro, José Gomes Ferreira começou por apontar o dedo ao negócio das barragens da EDP. "É inenarrável", disse, sublinhando a falta de um parecer, a ser feito há onze meses, pela Autoridade Tributária.
"O primeiro-ministro não quer resolver este assunto, quer deixa-lo como está", afirmou. "Não querem resolver porque não querem que as empresas (EDP e Engie) paguem".
Sobre a TAP, outro dos temas quentes do debate, Gomes Ferreira acredita que António Costa não tem plano B caso não seja aprovado o plano de reestruturação. "Estamos a por quatro mil milhões de euros num grande ponto de interrogação ou num buraco sem fundo", concluiu.
As listas da vergonha
Uma das preocupações de José Gomes Ferreira é o conjunto de gastos de 100 mil milhões de euros previsto no Orçamento do Estado para 2022, o equivalente a quase 50% do que é produzido em Portugal. "Era muito melhor se parte deste dinheiro fosse gerido de outra maneira", disse.
Como exemplo, falou daquelas que apelida de "listas da vergonha" que são as subvenções diretas a entidadades em Portugal (por exemplo, fundações e associações) e as isenções fiscais. O diretor-adjunto da SIC considera que as subvenções servem "interesses obscuros" e que a maior fatia das isenções e benefícios fiscais vão para a EDP e Galp, duas empresas com margens de lucro enormes.
"Não queria dar toda a razão a quem pede aumentos de salários, face aos recursos que o país tem, mas só tenho a dizer que as pessoas têm toda a razão para reclamar. (...) As duas linhas custam cinco mil milhões de euros, dava pagar o défice", finalizou.
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