No dia em que o Governo entrega a proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) na Assembleia da República, o economista João Duque defende que a recuperação da economia portuguesa devia fazer-se por via do estímulo às empresas. Considera ainda que este reforço deverias estar complementado no documento.
“A recuperação económica, a meu ver, devia fazer-se por via das empresas, do estímulo ao setor empresarial muito vocacionado para a retoma da atividade por parte de uma produtividade elevada. Isto é, cada posto de trabalho gerar um valor acrescentado significativo”, disse o economista no programa Opinião Pública da SIC Notícias.
João Duque considera que existe um “problema seríssimo” nas negociações dos Orçamentos do Estado, uma vez que não pensam nos anos seguintes.
“É uma negociação orçamental completamente desfasada daquilo que vai ser a realidade de 2023 ou 2024. Tirando os fundos europeus - que está sempre a esperar que continuem a vir com exuberância - a estratégia orçamental é uma estratégia de colher votos no Parlamento para passar. Aquilo que vamos ter de enfrentar, como país, é um colosso de uma dívida, uma população muito envelhecida que vai precisar de muito apoio para pagar as pensões da reforma a que tem direito e de acudir aos cuidados de saúde. Apenas este enquadramento é logo bastante assustador para mim que vejo um orçamento discutido sem esta orientação”, explica
O economista sublinha ainda que este novo documento, que será entregue esta segunda-feira na Assembleia da República, “é um Orçamento para vivermos mais um ano, imaginando que o nosso futuro é risonho”, e que “tenta dar umas migalhas aqui a acolá em função de uma negociação com um partido ou com outro”.