Orçamento do Estado

Opinião

"É assim que se vive neste país, ninguém pensa no futuro"

José Gomes Ferreira analisa a proposta de Orçamento do Estado apresentada pelo Governo.

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Depois de João Leão ter apresentado a proposta de Orçamento do Estado para 2022, José Gomes Ferreira analisa as medidas que são avançadas pelo Governo. O diretor-adjunto da SIC Notícias considera que este Orçamento não foi feito a pensar no futuro.

“[O OE2022] distribui alguma coisa para muita gente e do lado da criação de riqueza, que é o lado das empresas, é impressionante compara um lado e outro da equação. Pelo lado das empresas não mexe no IRC, não desagrava a derrama, não desagrava taxas, aplica tarifas de emissão de carbono – um aumento brutal de 400 para 900 milhões de euros. Isto vai cair tudo na conta dos consumidores de combustíveis é uma loucura”, explica.

José Gomes Ferreira lembra que as medidas de bandeira do Governo - nomeadamente os aumentos na função pública, a subida das pensões e dos abonos de família, a restruturação das tabelas do IRS e os desagravamento para jovens - vão custar custar mais de 500 milhões de euros. Uma situação que irá agravar a dívida.

“Tudo isto, cada um, individualmente, merece receber. Agora este somatório todo, mais cerca de mil milhões de euros em acréscimo de despesa em saúde, educação, para a CP – um perdão de dívida de 1.800 milhões de euros mais umas centenas de milhões para o ano corrente – para a TAP – mais mil milhões. Mas onde é que há dinheiro para isto tudo? Ninguém pensa no futuro?”, questiona.

Sobre a argumentação do ministro João Leão, que justificou a recuperação destes valores com os baixos juros aplicados na venda de dívida portuguesa, José Gomes Ferreira lembra que o mercado é volátil.

"Ele reconheceu que vai haver uma alteração no programa de compras de dívida de pública. E há uma coisa que ele não controla que é os juros em mercados, e o Estado vende a privados, não vendem ao BCE diretamente. E se os privados desatarem a subir os juros?", afirma confirmando tratar-se de um "tiro no escuro".

Para o jornalista, este documento pretende chegar a “uma base eleitoral potencial alargada de mais de metade da população”. “E é isto que se vive no país, ninguém pensa no futuro”, remata.

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