Subir as taxas de juro poderá ser uma forma de controlar a inflação? Sim, está relacionado com a emissão de dinheiro para corresponder à parte da economia que é criada todos os anos.
"Esta é a teoria clássica. Quando se trabalha, produz e aumenta uma percentagem da riqueza em relação ao que havia no ano anterior, a teoria clássica da emissão de moeda diz: deve-se criar moeda para corresponder a essa criação de riqueza, que é para se ela faltar não provocar uma recessão ou se sobrar não provocar uma inflação."
Desde 2007-2008, com a grande crise financeira, explica José Gomes Ferreira, que o volume de dinheiro emitido por cada banco (Reserva Federal dos Estados Unidos e Banco Central Europeu) mais do que duplicou e "mais cedo ou mais tarde ia dar hiper inflação".
"Primeiro esse dinheiro começou por ficar nas bolsas e nos grandes bancos, não chegou ao bolso das pessoas. Resultado: não fazia inflação. Mas com tanta emissão de dinheiro, - entre os quais os dois últimos pacotes de Trump e Biden também continuou - encheram tanto de dinheiro o circuito económico americanos que empresas e famílias ficaram com dinheiro para consumir muito mais do que era produzido. Na Europa, o nosso Governo e alguns Governos europeus e a própria senhora Lagarde, disse que esse não era um fenómeno nosso. Não era diziam eles, porque a inflação era temporária e vinha importada pelo preço da energia. A verdade é que se engaram redondamente."
Depois existe a reação dos mercados perante os anúncios do Banco Central Europeu, diz José Gomes Ferreira. Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, apercebeu-se no final do ano passado que a "situação era muito séria e que tinha de fazer alguma coisa para dominar a inflação".
"Só há uma arma para dominar a inflação: a política de criação de dinheiro sem que se olhasse para o futuro teve de começar a ser reprimida, como? Reduzindo as quantidades de emissão de dinheiro ou cortando-as completamente e subindo os juros para reduzir a massa monetária em circulação."
José Gomes Ferreira explica ainda que quando se diz que a taxa de juro, a Euribor, sobe para dois pontos percentuais isto não é uma subida de 2%, mas sim uma subida de zero para dois: "É uma subida que leva a que nos créditos habitação, a parte do juro (...) parece que é pouco, mas quando se aplica a um crédito (...) é brutal a subida que acontece nos pagamentos mensais".