TAP: o futuro e as polémicas

TAP: Estado foi o principal beneficiário dos fundos da Airbus, diz ex-administrador

O ex-gestor da companhia aérea portuguesa assumiu esta posição em resposta a uma questão colocada pelo deputado do PSD Paulo Moniz, sustentando que "ainda bem" que a TAP pode contar com esta solução dos chamados fundos Airbus e que "ainda bem que David Neelman "conseguiu levantar aquele" dinheiro.

Diogo Lacerda Machado
Diogo Lacerda Machado
ANDRÉ KOSTERS/Lusa

O antigo administrador da TAP Diogo Lacerda Machado considerou esta terça-feira que o Estado foi o principal beneficiário da operação que envolveu fundos da Airbus na capitalização da TAP.

Lacerda Machado, ouvido no Parlamento na sequência de um requerimento do PSD para esclarecimentos sobre a situação da TAP no período 2015-2023, referiu que "o maior beneficiário daquela operação (...) feita numa situação de agonia financeira da TAP foi o Estado".

O ex-gestor da companhia aérea portuguesa assumiu esta posição em resposta a uma questão colocada pelo deputado do PSD Paulo Moniz, sustentando ainda que "ainda bem" que a TAP pode contar com esta solução dos chamados fundos Airbus e que "ainda bem que David Neelman "conseguiu levantar aquele" dinheiro junto da Airbus.

Diogo Lacerda Machado
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Durante a audição, Diogo Lacerda Machado afirmou-se "impressionado com a vertente financeira" desta operação na perspetiva da TAP e elogiou o papel de David Neelman, que disse, "entre as várias coisas notáveis que fez" foi abrir o mercado norte-americano à Airbus, onde tem "crédito ilimitado".

A compra de 61% da TAP pela Atlantic Gateway, na privatização de 2015, envolveu a capitalização da companhia com 226,75 milhões de euros.

Fundos que tem sido noticiado que a empresa de David Neeleman e Humberto Pedrosa recebeu diretamente da Airbus e terão sido entregues como contrapartida de um negócio de 'leasing' de 53 aviões pelo fabricante europeu, pondo a companhia aérea a pagar a sua própria capitalização.

PSD aponta “incongruência” das posições do Governo de Costa

Na origem desta audição, que acontece fora do âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), está, segundo o PSD, a "incongruência" das posições do Governo de António Costa, que reverteu a privatização da companhia aérea levada a cabo em 2015 pelo então Governo PSD/CDS-PP, mas, em janeiro deste ano, afirmou no plenário da Assembleia da República, que se está "numa fase do processo de alienação total ou parcial da participação do Estado na TAP" e para que esse mesmo processo "é útil e necessário que a empresa tenha a estabilidade possível".

Diogo Lacerda Machado, que esta semana volta ao parlamento para ser ouvido na CPI, afirmou, na sua intervenção inicial que o "registo" que ficou de novembro de 2015 foi o de "um Governo efémero, despojado da mais elementar legitimidade política" a tentar "precipitar a alienação do controlo do capital da TAP", numa operação que ainda dava ao comprador a opção de compra "unilateral" do capital remanescente.