O ex-ministro das Infraestruturas foi esta quinta-feira ouvido na comissão de inquérito à TAP, onde admitiu que autorizou a saída da antiga administradora numa reunião que teve a sós com Christine Ourmières-Widener. Pedro Nuno Santos diz que nunca mentiu e que não sabia que as Finanças não tinham sido informadas.
Preparado para um longo dia de respostas no Parlamento, Pedro Nuno Santos arrancou a audição com uma também longa intervenção. Foram 45 minutos utilizados para dizer que estava tudo a correr bem até ao caso Alexandra Reis, que “é menos de 1% do trabalho”.
"A indemnização à engenheira Alexandra Reis é menos de 1% do trabalho que nós fizemos na TAP. É menos de 0,1% do trabalho que tivemos no ministério, mas foi um processo que objetivamente correu mal. Foi ele que ditou a minha saída do Governo e é ele que me faz estar hoje na CPI".
“O valor é alto, numa empresa onde os salários também são”
O ex-ministro demitiu-se depois de se tornar pública a indemnização de 500 mil euros paga pela TAP à Alexandra Reis. Hoje, admitiu que o valor era realmente elevado, “em Portugal ainda mais”.
"O valor é alto. É alto em qualquer país do mundo, em Portugal ainda mais. Mas é um valor alto numa empresa onde os salários dos administradores são altos".
Terá sido esta a razão para autorizar o pagamento. Além de que, segundo Pedro Nuno Santos, partiu do pressuposto que a lei estava a ser cumprida.
"Eu não tinha conhecimento que não tinha havido um contacto entre o secretário de Estado das Infraestruturas e do o Tesour. Não sabia nas não tinha de o fazer. Não existe uma hierarquia de tutelas em que as Infraestruturas têm de avisar as finanças, não é assim que as coisas funcionam".
Quando pediu demissão, o ex-ministro não assumiu responsabilidades diretas no caso. No entanto, depois de consultar as mensagens de telemóvel, percebeu que, afinal, ele próprio tinha dado autorização ao pagamento da indemnização.
"Há verdades que são mais inverosímeis que a mentira, mas não vou passar a mentir porque a mentira parece mais credível que a verdade. As coisas são como são."
A reunião a sós com a CEO da TAP
Pedro Nuno Santos explica que autorizou a saída de Alexandra Reis numa reunião a sós com a ex-presidente executiva da TAP. E que o fez porque era essa a vontade da CEO.
Diz que foi também por isso que não respondeu ao e-mail da antiga administradora, quando em 2021 colocou o lugar à disposição.
"Eu não tenho nenhuma razão para substituir Alexandra Reis. O processo é apresentado pela CEO e é dada autorização para a CEO iniciar o processo"
Questionado pelo deputado Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal, sobre a prática de não responder a um e-mail desta importância, Pedro Nuno Santos disse que “há de haver mais a que eu não tenha respondido”.
“Se visse a minha caixa de email na altura compreenderia”.
Alexandra Reis na NAV foi uma “escolha acertada”
Depois de deixar a TAP, Alexandra Reis foi para a NAV, também uma empresa pública.
Pedro Nuno Santos ficou “na dúvida” em relação ao tempo que Alexandra Reis demorou entre deixar a TAP e entrar na NAV, mas afirmou que, de qualquer forma, a escolha foi acertada.
Garante que o convite foi feito apenas depois da saída da companhia aérea. Contudo, não sabe ou não se lembra se antes disso Alexandra Reis foi abordada sobre uma possível ida para a NAV.