A Direção-Geral de Saúde (DGS) e do Infarmed anunciaram esta segunda-feira a suspensão da vacina da AstraZeneca, até que seja conhecido o resultado da avaliação realizada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA). O anúncio surgiu pouco depois das autoridades portuguesas terem emitido um comunicado onde afirmavam que iam continuar a administrar o fármaco.
“O que mudou em 24 horas foi o conhecimento de mais casos reportados nos países europeus. Aquilo que era o conhecimento de um caso ou outro, muito restritos nos países europeus, percebeu-se, ao longo do fim de semana e nas primeiras horas de segunda-feira, que havia um número maior de casos reportados, em mais países. Foi também cada vez mais claro que não estávamos perante um problema de um ou dois lotes específicos, mas de algo que poderia ser mais generalizado”, explica Válter Fonseca, coordenador da comissão técnica de vacinação contra a covid-19 da DGS.
O coordenador acrescenta que estes novos dados levaram as autoridades de saúde a seguir “uma atitude de prevenção e prudência” e que a interrupção da administração da vacina dever ser vista como um fator de confiança.
“Quando se levanta uma dúvida, aquilo que nós devemos fazer, perante uma população que está à espera de ser vacinada para se proteger de uma doença grave, é dizer que estamos a colocar a sua segurança em primeiro lugar”, sublinha.
Sobre o período de suspensão da vacina, Válter Fonseca avança que a expectativa da DGS é que “a pausa seja curta”. A EMA já anunciou que o resultado da avaliação realizada à vacina da AstraZeneca deverá ser conhecido esta quinta-feira.
“Até ao momento, tudo aponta para que não haja uma relação de causalidade, isto é uma relação direta entre a administração da vacina e os casos. Mas a raridade das situações obriga a uma análise cuidada, não pode ser uma análise superficial. Temos de ter a certeza absoluta daquilo que estamos a analisar. E por isso estamos neste compasso de espera até uma posição formal da EMA que vai ser conhecida até ao final desta semana”, esclarece o coordenador.
Válter Fonseca admite que não estão “à espera que haja uma questão de segurança” capaz de comprometer a utilização do fármaco. No entanto, sublinha que “esta vais ser a vacina mais escrutinada da UE”, reforçando que “o facto de ser escrutinada gera confiança”.
Para as pessoas que já foram vacinadas com doses da AstraZeneca, o coordenador lembra que os casos identificados são muito reduzidos, em comparação com os 17 milhões de doses já administradas e alerta para que estejam atentos a qualquer sinal de alarme. “Quando olhamos para isto, vemos que a sua raridade é absolutamente um fator de confiança.”
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