A um dia da data prevista para a chegada das doses da vacina de Johnson&Johnson a Portugal, os Estados Unidos anunciaram a suspensão temporária da administração desta vacina, por forma a averiguar a relação entre a toma e o aparecimento de coágulos. A farmacêutica Janssen decidiu adiar a entrega da vacina na Europa. Luís Graça, imunologista do Instituto de Medicina Molecular (IMM), considera que estas decisões mostram que a segurança das vacinas é levada “muito a sério”.
“O que isto demonstra é que, quer as autoridades europeias, quer as autoridades americanas, estão a levar a segurança das vacinas muito a sério. Especialmente quando existe a possibilidade de identificar grupos nos quais o risco [de coágulos] está presente, para proteger essas pessoas desses riscos, por pequenos que eles sejam”, disse em entrevista à Edição da Tarde da SIC Notícias.
O imunologista sublinha que a constante monitorização “permite dizer, com toda a segurança, que as vacinas que estão em utilização neste momento são absolutamente seguras”, uma vez que até os riscos mais raros são “levados a sério pelas autoridades do medicamento”.
O especialista admite que os anúncios de suspensão podem causar alguma preocupação na população, mas afirma que “estes anúncios mostram que sempre que se identifica um risco, esse risco é investigado para se saber se é uma coincidência que não tem relação com a vacinação ou se é um risco real que deve ser prevenido de alguma forma”. Com estas investigações, os reguladores demonstram que “os mecanismos de vigilância dos medicamentos e de prevenção de risco estão a funcionar”.
Luís Graça afirma que a relação risco-benefício das vacinas contra a covid-19 continua a ser claramente positiva, uma vez que “o risco dos efeitos adversos é muito menor do que o risco de não ser vacinadas”. No entanto, havendo várias vacinas disponíveis, o imunologista destaca a importância de se conhecer os efeitos secundários de cada uma das diferentes vacina, por forma a melhor adequar a administração entre as populações e assim diminuir o risco.
“Seria incompreensível, para a nossa população, estar a sujeitar a este risco, por pequeno que seja, quando existe uma estratégia que permite a vacinação avançar, sem estar a sujeitar ninguém a este risco”, afirma o especialista do IMM
O imunologista lembra que a vacinação dos idosos levou a uma diminuição do número de óbitos associados à covid-19, principalmente nos lares. Citando as declarações da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, Luís Graça lembra que não foram registadas mortes em lares nas última semana.
No entanto, o investigador destaca a importância de manter as regras de prevenção de contágio – como o distanciamento e o uso de máscara – uma vez que apenas 15% da população recebeu uma dose da vacina e só 6% tem a vacinação completa. Luís Graça sublinha a importância de evitar "um aumento muito significativo da transmissão, porque só uma percentagem muito pequena da população é que ainda está protegida”.
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