Manuel Carmo Gomes, epidemiologista e membro da Comissão Nacional de Vacinação, avança que podem ser evitaras 13.500 infeções de covid-19 em quatro meses, em crianças dos cinco aos 11 anos.
Em entrevista na Edição da Noite, explicou que Portugal tomou a decisão depois de ter feito o próprio balanço "risco-benefício".
"O balanço risco-benefício é feito no contexto de cada país porque cada país tem uma situação epidemiológica diferente, que depende do nível de infeções em que o pais está e o nível próximo. Portugal fez o seu próprio balanço", explica.
"Estimámos o número de crianças que evitaríamos que fossem infetadas num horizonte de quatro meses, quantas seriam hospitalizadas e quantas das hospitalizadas dariam entrada nos cuidados intensivos. Temos uma estimativa média de que evitaremos nos próximos quatro meses, se vacinarmos as crianças, 13.500 infeções, 50 hospitalizações e cinco entradas em cuidados intensivos de crianças dos cinco aos 11 anos", acrescenta.
DGS dá luz verde à vacinação de crianças entre os 5 e 11 anos
Portugal vai avançar com a vacinação contra a covid-19 de crianças entre os cinco e os 11 anos. A Direção-geral da Saúde (DGS) anunciou, esta terça-feira, que aceitou as recomendações da Comissão Técnica de Vacinação contra a COVID-19 (CTVC).
Confirma-se também que a DGS aceitou seguir a recomendação dos especialistas, no sentido de ser dada prioridade a crianças com doenças crónicas.
"A Direção-Geral da Saúde (DGS) recomenda a vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos, com prioridade para as crianças com doenças consideradas de risco para COVID-19 grave. A vacina a utilizar será a Comirnaty, que tem parecer positivo da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para a formulação pediátrica, à data", lê-se no comunicado.
Sustenta da DGS que "o número de novos casos (...) em crianças tem vindo a aumentar" e que, apesar de se manifestar de forma "geralmente ligeira" nestas faixas etárias, existem também "formas graves de COVID-19 em crianças", sendo "o risco de hospitalização maior em crianças com doenças de risco", ainda que, vinca a DGS, "muitos dos internamentos ocorrem em crianças sem doenças de risco".
O comunicado, a que a SIC Notícias teve acesso, refere ainda que esta "recomendação pode ser alterada sempre que se justifique, nomeadamente, caso venham a ser conhecidos mais dados sobre novas variantes".
Quanto à data para o arranque da vacinação nesta faixa etária, a DGS remete mais esclarecimentos para uma conferência de imprensa a realizar na próxima sexta-feira, dia 10 de dezembro.
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