Violência em Moçambique

Entrevista SIC Notícias

Moçambique. Palma passou a ser vila fantasma e ninguém sabe para onde fugiram os residentes

Muitos optaram por fugir pelas matas, outros pelo mar. Centenas, ou até milhares de pessoas, estão desaparecidas. Zenaida Machado, investigadora da organização Human Rights Watch, explica o que está a acontecer em Moçambique.

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Zenaida Machado, investigadora da organização Human Rights Watch em Moçambique, defende que o ataque em Palma só teve impacto mediático porque foram atacados cidadãos estrangeiros e porque chegou perto de um investimento de grande envergadura - o projeto da Total.

O dilema de Moçambique e de Cabo Delgado é muito maior do que aparecia nas notícias, defende Zenaida Machado, acrescentando que o conflito já provocou dois mil mortos e meio milhão de deslocados que vão para campos sem condições.

"Tudo isto nunca fez headlines das notícias internacionais", apontou.

A investigadora espera que a cobertura jornalística sirva para colocar pressão no Governo.

Em relação ao envio de militares portugueses que vão dar formação em Moçambique, Zenaida Machado espera que seja focada na questão dos Direitos Humanos.

Palma: uma cidade fantasma

Vários jornalistas que têm sobrevoado a vila de Palma descrevem uma cidada vazia. Mas o facto de Palma estar vazia não significa que tudo esteja resolvido, explica a investigadora. Centenas ou atá milhares de pessoas fugiram pelas matas e via mar sem qualquer proteção.

"Há um grande número da população que está desaparecida", disse, acrescentando que não existe um número certo dos mortos e desaparecidos.

A última informação prestada à Human Rights Watch era de que as forças moçambicanas teriam retomado o controlo e Palma, uma informação que entra em contradição com a avançada pelo Daesh.

"O problema do conflito em Moçambique é que, quando ficamos sem comunicação, fica muito difícil fazer a verificação dos factos no terreno", explicou Zenaida Machado.

Quem são os insurgentes?

Dentro do grupo terrorista há muitos jovens moçambicanos, "jovens que não têm nada para fazer e que são facilmente recrutados". O Presidente da República chegou já a apelar aos jovens para não integrarem grupos terroristas, mas, segundo a investigadora, não existem atividades para esta população.