A intensa precipitação que caiu em território nacional provocou cheias e inundações em várias regiões, principalmente na Grande Lisboa. Desta vez, o alerta chegou à população na véspera dos acontecimentos. Todavia, a situação de cheias era “quase inevitável”. O climatologista Mário Marques entende que "o que era possível ter sido feito, foi feito".
"A situação poderia ter sido menos grave se tivessem sido feitas grandes obras estruturais de há 30 ou 40 anos para cá", considera o climatologista.
Em várias regiões, os danos materiais foram maiores, quando comparados com os da semana passada. Isto acontece porque as condições meteorológicas são distintas.
O climatologista Mário Marques explica que o evento da semana passada foi "muito mais localizado", tendo atravessado entre Oeiras e Lisboa. Isto significa que caíram grandes quantidades de chuva em pouco espaço de tempo.
"O que aconteceu hoje foi uma situação mais estratificada (...) em que debitou grande quantidades de precipitação, sobretudo a montante", admite o climatologista.
Questionado se considera o cenário "extremo", Mário Marques esclarece que se trata de "um fenómeno extremo, que está dentro da normalidade, em termos de suscetibilidade de ocorrência dada a altura do ano". O climatologista recorda que é neste período que acontecem as piores cheias no país.
Portugal regista incêndios no verão e inundações no outono/inverno, contrata o climatologista.
"Nos incêndios falta ornamento florestal e há uma cultura massiva de eucalipto. Na questão das cheias ou precipitações intensas é a falta de ornamento de território a toda a escala, sobretudo à escala urbana e uma impermeabilização de áreas que não devem ser impermeabilizadas", frisa.