Meteorologia

Entrevista SIC Notícias

“O pior ainda poderá estar para vir”: calor e vento não vão dar tréguas nos próximos dias

O calor acentuado e o vento forte que se fazem sentir em vários pontos do território nacional estão a dificultar o combate às chamas em locais como Arouca ou Ponte da Barca. Em entrevista à SIC Notícias, Mário Marques, climatologista, avisa que estas condições vão persistir, pelo menos, até dia 7 de agosto.

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O climatologista Mário Marques alerta, em entrevista à SIC Notícias, que o calor e o vento irão persistir nos próximos dias, dificultando, assim, o combate aos incêndios florestais.  

Calor e vento é a tempestade perfeita para os incêndios, uma situação que vai persistir nos próximos dias, antevê o especialista, que ressalva que a temperaturas poderão diminuir ligeiramente ainda esta segunda-feira e na noite de sábado para domingo, “nomeadamente no litoral oeste e norte”. 

“O que acontece é que, de facto, este padrão faz lembrar um pouco o verão de 2005, aí sim com condições excecionais. Não tem nada a ver com as condições que ocorreram, por exemplo, em setembro do ano passado, onde foi praticamente só um fim de semana e depois não existiram condições. Aqui não, aqui já existe um padrão sistemático de condições atmosféricas diferentes, muito favoráveis para que este tipo de situações evoluam de uma forma desfavorável”, alerta. 

"Alívio" das condições a partir de dia 7 de agosto

O climatologista prevê ainda que “o pior possa ainda estar para vir na primeira semana de agosto”, explicando que “o anticiclone está de tal maneira propagado desde os Açores até praticamente ao meio do Mediterrâneo, nomeadamente até a Sardenha, que projeta calor contínuo e com umidades baixas, em especial entre o dia 3 e o dia 7 de agosto”. 

A partir desse dia, prossegue, poderemos assistir a “um alívio destas condições”, embora vinque que poderá tratar-se de um alívio “temporário”. 

Mário Marques reconhece que, nos últimos anos, os verões têm sido bastante “amenos e antagónicos”, no entanto nota que as alterações climáticas já se fazem sentir um pouco por toda a Europa, um fator que contribui para que fenómenos como vagas de calor extremo sejam cada vez mais recorrentes. 

“Mas eu queria aqui ressalvar que este aquecimento nota-se mais em termos de temperatura mínima. E as temperaturas mínimas e o número de noites tropicais que nos últimos anos nós temos vindo a ter em termos de continente europeu têm subido de uma forma muito substancial e podemos dizer que praticamente todos os países a sul do paralelo 45-50, durante o verão, já experienciaram noites tropicais e então as do Mediterrâneo, por vezes, até só poderão ser noites equatoriais, isto é, não baixa dos 30 graus”, elucida. 

Esta segunda-feira, vários incêndios lavram um pouco por todo o território nacional, com destaque para Arouca e Ponte da Barca. Em Arouca, mais de 160 operacionais, apoiados por sete meios aéreos, combatem as chamas, que obrigaram ao encerramento dos Passadiços do Paiva e da ponte suspensa. 

Em Ponte da Barca, mais de 400 operacionais, também apoiados por sete meios aéreos, encontram-se no terreno, numa altura em que o incêndio "piorou e está totalmente descontrolado", segundo o autarca local.