"Não vos darei a minha bênção antes de estarem todos silenciosos. Sejam disciplinados (...), quero ouvir uma caneta cair", ralhou, conseguindo um silêncio total no estádio Cidade do Futebol já meio deserto após quatro horas de uma cerimónia sob chuva, fazendo rir a viúva de Mandela, Graça Machel, e a sua ex-mulher Winnie.
Tutu disse querer "ver o mundo celebrar a vida de um ícone extraordinário", antes de orar em várias línguas sul-africanas.
"Deus, peço-te que abençoes o nosso país. Deste-nos um tesouro maravilhoso, com este ícone da reconciliação", disse em africâner o prelado, que, como Nelson Mandela, foi galardoado com o prémio Nobel da Paz pelo seu combate contra o regime segregacionista do 'apartheid'.
"Prometemos a Deus que seguiremos o exemplo de Nelson Mandela", disse ainda Desmond Tutu, ouvindo em resposta da multidão "Sim!".
As cerimónias fúnebres de Nelson Mandela, cuja morte foi anunciada na quinta-feira, iniciaram-se com dezenas de milhares de vozes a cantarem o hino nacional da África do Sul e contaram com a presença de quase 100 chefes de Estado, membros da realeza e líderes políticos, além de cidadãos.
Depois do último adeus em Joanesburgo, o corpo de Mandela vai estar exposto durante três dias na vizinha Pretória, a capital, antes de, no domingo, ser finalmente sepultado nunca campa modesta, junto dos mortos da sua família, em Qunu, a sua terra natal, na província do Cabo Oriental.
Lusa