"Alertamos para uma nova forma de repressão que não consiste em baterem-nos à porta e nos levarem algemados, mas na espionagem da nossa esfera mais privada", afirmou o escritor germano-russo Iliya Troyanov, iniciador do manifesto "Writers Against Mass Surveillance" (Escritores contra a vigilância em massa).
O texto é subscrito por 562 autores, entre os quais os Nobel Orhan Pamuk, J.M. Coetzee, Elfriede Jelinek, Gunter Grass e Thomas Transtroemer.
Umberto Eco, David Maluf, Don DeLillo, Richard Ford, David Grossman, Arundhati Roy e José Eduardo Agualusa são outros dos nomes que subscrevem o texto.
"Com alguns cliques de rato, o Estado pode aceder ao vosso computador portátil, aos vossos emails, às vossas redes sociais e às vossas buscas na internet", explicam os signatários.
"Uma pessoa que é espiada já não é livre. Uma sociedade que é espiada já não é uma democracia", prosseguem.
"A espionagem em massa considera todo o cidadão como um suspeito potencial", afirmam, sublinhando a contradição com "a presunção de inocência, uma vitória histórica", e afirmando que "a espionagem é um roubo".
Os signatários apelam por isso às Nações Unidas que "reconheçam a importância primordial de proteger os direitos civis na esfera digital e adotem uma lei internacional sobre direitos digitais", exigindo aos "governos que assinem e adiram a essa convenção".
O manifesto foi publicado hoje, gratuitamente, por 30 diários de 30 países diferentes, mas nenhum dos Estados Unidos, país que, segundo as revelações do ex-analista informático da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden mais e maiores ações de espionagem realiza.
O texto foi, por outro lado, publicado um dia depois do apelo lançado por oito empresas "gigantes" da internet, entre as quais o Facebook, o Twitter, o Google, a Apple e a Microsoft, ao presidente norte-americano, Barack Obama para legislar as práticas de vigilância.
Com a publicação deste manifesto, aberto à adesão de outros, os escritores pretendem, segundo Troyanov, "romper o muro de pessimismo e resignação" que fez com que, até agora, a opinião pública não tenha reagido de maneira mais contundente às revelações sobre espionagem em massa.
Lusa