Mundo

Mais de 560 escritores assinam manifesto mundial contra espionagem em massa

Contra a espionagem em massa na internet, mais de 560 escritores de 81 países, cinco deles Nobel da Literatura, pediram à ONU a adoção de uma convenção para a proteção dos direitos digitais, num manifesto publicado hoje. 

Reuters / arquivo
© Jason Reed / Reuters

"Alertamos para uma nova forma de repressão que não consiste em baterem-nos à porta e nos levarem algemados, mas na espionagem da nossa esfera mais  privada", afirmou o escritor germano-russo Iliya Troyanov, iniciador do manifesto "Writers Against Mass Surveillance" (Escritores contra a vigilância  em massa).

O texto é subscrito por 562 autores, entre os quais os Nobel Orhan Pamuk,  J.M. Coetzee, Elfriede Jelinek, Gunter Grass e Thomas Transtroemer.  

Umberto Eco, David Maluf, Don DeLillo, Richard Ford, David Grossman, Arundhati Roy e José Eduardo Agualusa são outros dos nomes que subscrevem o texto. 

"Com alguns cliques de rato, o Estado pode aceder ao vosso computador portátil, aos vossos emails, às vossas redes sociais e às vossas buscas  na internet", explicam os signatários. 

"Uma pessoa que é espiada já não é livre. Uma sociedade que é espiada já não é uma democracia", prosseguem. 

"A espionagem em massa considera todo o cidadão como um suspeito potencial",  afirmam, sublinhando a contradição com "a presunção de inocência, uma vitória histórica", e afirmando que "a espionagem é um roubo". 

Os signatários apelam por isso às Nações Unidas que "reconheçam a importância primordial de proteger os direitos civis na esfera digital e adotem uma lei internacional sobre direitos digitais", exigindo aos "governos que assinem e adiram a essa convenção". 

O manifesto foi publicado hoje, gratuitamente, por 30 diários de 30  países diferentes, mas nenhum dos Estados Unidos, país que, segundo as revelações do ex-analista informático da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden mais e maiores ações de espionagem realiza. 

O texto foi, por outro lado, publicado um dia depois do apelo lançado  por oito empresas "gigantes" da internet, entre as quais o Facebook, o Twitter,  o Google, a Apple e a Microsoft, ao presidente norte-americano, Barack Obama  para legislar as práticas de vigilância. 

Com a publicação deste manifesto, aberto à adesão de outros, os escritores  pretendem, segundo Troyanov, "romper o muro de pessimismo e resignação"  que fez com que, até agora, a opinião pública não tenha reagido de maneira  mais contundente às revelações sobre espionagem em massa.

Lusa