Mundo

Responsável por implantes mamários defeituosos condenado a 4 anos de prisão

A justiça francesa condenou hoje a  quatro anos de prisão Jean-Claude Mas, fundador da sociedade PIP, que vendeu  implantes mamários defeituosos durante anos, no primeiro julgamento deste  caso.  

Jean-Claude Mas, fundador da Poly Implant Prothése (Reuters)
© Philippe Laurenson / Reuters

O tribunal correcional (que funciona sem júri) de Marselha (sul) condenou quatro antigos executivos da PIP, acusados de burla e fraude agravada, a  penas de prisão de entre três anos, dois de pena suspensa, e 18 meses de  cadeia com pena suspensa.  

Jean-Claude Mas, de 74 anos, fundou a empresa Poly Implant Prothése (PIP) em 1991, que se transformou no quarto fabricante mundial de implantes mamários de  custo reduzido fabricados com um gel não homologado pelas autoridades.

Durante a leitura da sentença, ao fim de sete meses de um processo de  uma amplitude excecional, Mas permaneceu imperturbável. O tribunal proibiu  o fundador da PIP de voltar a exercer cargos de gestão empresarial ou de  trabalhar no setor médico e condenou também a pagar uma multa de 75 mil  euros.

A acusação requereu, em maio passado, uma sentença de quatro anos de  prisão efetiva e 100 mil euros em multa para aquele que apelidou de "aprendiz  de feiticeiro dos implantes".

Perto de 50 vítimas assistiram a esta sessão do julgamento, entre as  7113 partes civis, um número revisto em baixa relativamente às 7.445 anunciadas  no início do processo, em maio. Algumas queixas não foram admitidas.

Os outros acusados, o diretor-geral e depois presidente do diretório  da PIP, foi condenado a 3 anos de prisão, com dois de pena suspensa,  a diretora de qualidade e responsável pela produção a dois anos (um de pena  suspensa), e o responsável de investigação e desenvolvimento a 18 meses  de pena suspensa.

Todos reconheceram a fraude, tornada pública em março de 2010, com o  gel de silicone usado nos implantes, diferente do produto declarado oficialmente,  para obter lucros avaliados em um milhão de euros por ano.

Mas, que pediu desculpa às vítimas, continuou a negar que  o produto usado seja nocivo à saúde. Todos os outros acusados, com exceção  de um, disseram ignorar os riscos.

O processo não permitiu analisar a questão central da toxicidade e os  estudos mostraram-se, sobretudo, tranquilizadores, apesar de se registar  uma taxa de rutura e de "transudação" dos implantes superior ao normal.

O último balanço da agência de produtos de saúde francesa (ANSM) registou  a ocorrência de mais de 7500 ruturas e três mil efeitos secundários nocivos,  principalmente "reações inflamatórias", para cerca de 30 000 portadoras  em França e várias centenas de milhares em todo o mundo.

Lusa