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Parlamento Europeu aprova audição a Snowden por videoconferência

A comissão de Liberdades Civis do Parlamento Europeu decidiu hoje, em Bruxelas, convidar formalmente Edward Snowden para uma audição, em direto e por videoconferência, no quadro da investigação às escutas dos Estados Unidos a líderes e instituições da União Europeia.

© Maxim Shemetov / Reuters

A decisão de convidar o antigo consultor da Agência Nacional de Segurança (NSA), já publicamente criticada pela administração norte-americana, foi hoje aprovada por larga maioria em sede da comissão parlamentar, com 36 votos a favor e apenas dois contra, devendo de seguida -- provavelmente em fevereiro -- ser votada pelo conjunto do hemiciclo, sendo necessária a "luz verde" da maioria dos eurodeputados.  

Vários membros da comissão parlamentar condicionaram o seu voto favorável ao convite desde que a participação de Snowden seja ao vivo e interativa -- de modo a que os deputados europeus lhe possam dirigir questões -, restando também saber ainda se o antigo elemento da NSA, atualmente na Rússia, sob asilo temporário, aceitará depor nestas condições, dado existir o risco de a sua localização exata ser descoberta. 

Snowden trabalhou sob contrato para as duas principais agências de informações norte-americanas e encontra-se atualmente refugiado na Rússia, após ter revelado a dimensão das escutas efetuadas pela NSA. 

Na terça-feira, um representante do Congresso norte-americano alertou para as "consequências negativas" de uma audição com Edward Snowden. "Seria muito negativo para as relações entre os Estados Unidos e a União Europeia", considerou o representante republicano Mike Rogers, presidente da Comissão de serviços de informações da Câmara dos Representantes. 

No dia seguinte, quarta-feira, a vice-presidente da Comissão Europeia responsável pela Justiça, Viviane Reding, agradeceu publicamente a Edward Snowden pelas suas revelações sobre a espionagem norte-americana na Europa, durante um debate com 'bloggers' europeus em torno da proteção de dados.

"Quando as suas revelações foram publicadas, disse: 'Obrigado, senhor Snowden’, porque até agora tinha as maiores dificuldades em convencer, em particular nas instituições europeias, que tínhamos um grande problema por resolver no plano internacional" para a proteção de dados, declarou em resposta a uma questão. "As revelações de Snowden permitiram fazer mexer as coisas, em particular as escutas ao telemóvel da chanceler alemã, Angela Merkel, e permitiram fazer mexer as coisas com os Estados Unidos", sustentou.

Lusa