A Líbia, onde forças leais ao marechal Khalifa Haftar, uma autoridade paralela ao Governo de Tripoli instalada no leste do país, lançaram uma ofensiva para tomar a capital, entrou no caos depois da queda de Muammar Kadhafi em 2011.
Segue-se a cronologia dos principais momentos da vida política e conflito no país desde a morte de Khadafi.
Fevereiro de 2011
Na sequência da Primavera Árabe, rebenta uma contestação violenta contra o líder líbio Muammar Kadhafi, acusado durante décadas de apoiar grupos terroristas e usar os rendimentos do petróleo para uso pessoal. O protesto, que começou em Benghazi (leste), é violentamente reprimido pelo regime mas acaba por estender-se a todo o país.
Março de 2011
Uma coligação liderada por Washington, Paris e Londres lança uma ofensiva militar contra o regime de Kadhafi, após autorização das Nações Unidas.
20 de outubro de 2011
Kadhafi, que está em fuga desde agosto, é capturado pelos rebeldes no seu quartel-general, em Trípoli, e morto. Três dias depois o Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião, proclama a "libertação total" do país.
Agosto de 2012
O CNT entrega o poder ao Congresso Geral Nacional (CGN ou Parlamento), eleito um mês antes.
11 de setembro de 2012
Quatro norte-americanos, entre os quais o embaixador Christopher Stevens, são mortos num ataque ao consulado, em Benghazi. A suspeita recai sobre um grupo de 'jihadistas' ligado à Al-Qaida.
23 de abril de 2013
Um atentado de um carro-bomba à embaixada da França em Trípoli provoca dois feridos. A maior parte das embaixadas estrangeiras na Líbia fecha.
16 de maio de 2014
Khalifa Haftar, líder de uma força militar que designa de Exército Nacional Líbio, com o apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos, lança uma operação contra os grupos 'jihadistas' em Benghazi. Vários oficiais da região oriental reúnem forças paramilitares.
25 de junho 2014
Depois de novas eleições, o Congresso Geral Nacional é substituído por um parlamento dominado por anti-islamitas.
Final de agosto de 2014
Depois de várias semanas de combate, uma coligação de milícias, a Fajr Libya, conquista Tripoli e reinstala o antigo parlamento e um novo Governo. O Governo de Abdallah al-Theni, que estava no poder até então, e o parlamento eleito em junho exilam-se na região oriental e o país passa a ter dois governos e dois parlamentos.
Dezembro de 2015
Depois de um mês de negociações, representantes da sociedade civil e dos deputados assinam em Skhirat (Marrocos) um acordo patrocinado pela ONU. É proclamado um Governo de União Nacional.
Março de 2016
O Governo de União Nacional, cujo primeiro-ministro é Fayez al-Sarraj e tem o apoio da ONU, instala-se em Trípoli. Mas na parte oriental, um governo paralelo, liderado pelo marechal Haftar, e o parlamento continuam a opor-se ao regime da capital.
Dezembro de 2016
Fayez al-Sarraj anuncia a libertação de Sirte, uma importante cidade do Golfo de Sidra, antigo feudo do Daesh, afirmando, no entanto, que a guerra contra o terrorismo "ainda não acabou".
5 de julho de 2017
Khalifa Haftar anuncia a "libertação total" de Benghazi, assegurando o fim da presença de 'jihadistas'.
25 de julho de 2017
Fayez al-Sarraj e o marechal Khalifa Haftar reúnem-se em Paris para negociarem regras que permitam ao país sair do caos.
Maio de 2018
Os dois líderes assinam um acordo de colaboração para organizar eleições no final do ano.
Junho de 2018
O Exército Nacional da Líbia toma o controlo total de uma região conhecida como "o Crescente do Petróleo" e fixa-se em Derna, bastião dos radicais islâmicos e única cidade fora do seu controlo.
Novembro de 2018
O marechal Khalifa Haftar boicota uma conferência internacional, organizada em Itália, e afasta a possibilidade de serem realizadas eleições.
Janeiro de 2019
Haftar lança-se na conquista do sul desértico e de campos petrolíferos como al-Charara.
11 de fevereiro 2019
A União Africana pede uma conferência internacional e reclama eleições.
28 de fevereiro 2019
A ONU acorda com Fayez al-Sarraj e o marechal Khalifa Haftar a organização de eleições.
20 de março de 2019
A ONU anuncia uma "conferência nacional" para meados de abril em Ghadamès (no centro do país) com o objetivo de tirar a Líbia da crise atual.
4 de abril de 2019
Haftar, com as suas forças que designa de Exército Nacional Líbio, lança uma ofensiva sobre Tripoli, mas as suas tropas são travadas a cerca de 30 quilómetros a oeste da capital.
A comunidade internacional multiplica os apelos à calma e o secretário-geral da ONU, António Guterres, que se encontrou pessoalmente com al-Sarraj e Haftar, exprime publicamente uma "profunda preocupação".

5 de abril de 2019
O Governo de União Nacional faz um raide aéreo contra uma posição do Exército Nacional da Líbia na região de Al-Aziziya (sul de Tripoli).
7 de abril de 2019
Violentos combates a cerca de 30 quilómetros a sul de Tripoli. O Exército Nacional da Líbia lança um primeiro raide aéreo nos subúrbios da capital, o que leva o Governo de União Nacional a anunciar um contra-ataque generalizado a todas as cidades do país.
O Governo de União Nacional refere que o balanço de mortos desde a ofensiva de Haftar é de 21. Por seu lado o Exército Nacional fala em 14 mortos entre os seus combatentes.
Com Lusa