Pelo menos 350 menores filhos de membros do grupo Daesh que estavam em campos no nordeste da Síria foram repatriados este ano para os seus países de origem, anunciou hoje a organização Save the Children.
"Quando a operação começou, a 09 de outubro, permaneciam cerca de 9.500 menores estrangeiros nos campos", disse Joelle Bassoul, porta-voz da organização não-governamental (ONG) Save the Children para o Médio Oriente e Europa Oriental, em referência à ofensiva militar da Turquia no norte da Síria.
Em comunicado divulgado hoje, a ONG destaca a data de 09 de outubro, pois nos dias seguintes famílias estrangeiras com ligação ao Daesh fugiram do campo de Ain Issa, incluindo pelo menos 700 crianças cujo paradeiro se desconhece.
A organização alertou para o risco de esses menores - de 40 nacionalidades diferentes e localizados nos campos de Al Hol, Ain Issa e Al Roj - "poderem perder-se no caos".
Desde o início da operação militar turca, apoiada por rebeldes sírios, pelo menos onze crianças morreram no nordeste da Síria e na Turquia, de acordo com a Save the Children, que teme um aumento desse número.
A ONG acrescentou ainda que, antes do início da ofensiva da Turquia, existiam 13.350 mulheres e menores estrangeiros nos três campos.
A Save the Children estima que cerca de 85% das crianças têm menos de 12 anos e 4.400 delas (45%) têm menos de 5 anos.
O Cazaquistão é o país que recuperou mais crianças desde janeiro de 2019 (156), pouco mais de 50% do total, e é seguido por países europeus como França, Suécia, Bélgica, Noruega, Holanda e Dinamarca.
A maior parte da população desses três campos são pessoas de nacionalidade iraquiana e síria.
Mulheres e crianças suspeitas de ligação a membros do Daesh foram enviadas para esses campos enquanto as Forças Democráticas da Síria (FSD), uma aliança liderada pelos curdos, avançaram na ofensiva que culminou a 23 de março com a derrota territorial do grupo 'jihadista'.
A diretora para a Síria da organização Save the Children, Sonia Khush, pediu aos governos que "salvem as vidas [das crianças retidas nos campos]", pois têm a opção de "retirá-las da zona de guerra".
Lusa