Forças do regime avançam em Idlib apesar de alerta da Turquia
As forças do regime sírio, apoiadas pelo aliado russo, avançaram hoje na região de Idlib (noroeste) face aos jihadistas e rebeldes numa ofensiva que vem exacerbando as tensões com a Turquia, indicou uma ONG.
O poder de Bashar al-Assad lançou em dezembro a operação na província de Idlib e arredores e as suas forças, recorrendo a bombardeamentos aéreos e a artilharia, recuperaram dezenas de localidades, obrigando à fuga de meio milhão de pessoas, segundo a ONU.
Nas últimas 24 horas e com o apoio da avião russa, o regime apossou-se de mais de 20 localidades no sul da província de Idlib, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
As forças governamentais encontrar-se-ão agora a menos de um quilómetro da localidade estratégica de Saraqeb, praticamente sem habitantes após semanas de fortes bombardeamentos, segundo o OSDH.
A agência oficial síria SANA confirmou o avanço das forças pró-regime.
Na terça-feira à noite, um responsável militar sírio citado pela SANA afirmou que o exército daria aos seus adversários uma "última oportunidade" no setor de Saraqeb, sugerindo que depusessem as armas.
Mais de metade da província de Idlib e algumas zonas das províncias vizinhas de Alepo, Hama e Latákia são dominadas pelos 'jihadistas' do Hayat Tahrir al-Sham (HTS, ex-ramo sírio da Al-Qaida), abrigando também grupos rebeldes.
As Nações Unidas e várias ONG apelaram ao fim das hostilidades numa região com cerca de três milhões de pessoas, metade das quais já deslocada de outras zonas do país.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, cujo país apoia alguns rebeldes e destacou tropas para o noroeste sírio, fez hoje um ultimato ao regime sírio para que se retire dos arredores dos postos de observação turcos na província de Idlib.
"Dois dos nossos 12 postos de observação encontram-se atrás das linhas do regime. Esperamos que o regime se retire (...) antes do final do mês de fevereiro. Se o regime não se retirar, a Turquia será obrigada a encarregar-se disso", declarou Erdogan num discurso em Ancara.
O chefe de Estado turco disse ter transmitido esta mensagem num contacto telefónico na terça-feira com o seu homólogo russo, Vladimir Putin.
A frente de Idlib representa a última grande batalha estratégica para o regime, que controla mais de 70% do território do país, segundo o OSDH.
Desencadeada em 2011, a guerra na Síria já causou mais de 380.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados.