É entre um amontoado de chapas de zinco e plásticos que se encontra a casa de um dos meninos. Dzito xavier, um bebé que aparece na reportagem “Os meninos de kassange”, com uma grave inflamação no pescoço, não está abandonado, como sugeria o homem que denunciou o caso. A criança encontra-se ao cuidado da avó e das irmãs. A mãe vende na praça e o pai é vigilante.
Com os serviços de urgência de sobreaviso, o menino seguiu com um familiar para o Hospital Pediátrico de Luanda.
Hélder Silva, que denunciou a existência de um barracão com 200 meninos abandonados e a precisar de ajuda urgente, tinha recusado sempre fornecer à SIC a localização exata dos menores, inviabilizando o envio de auxílio. Tal como a responsável pela associação “Pedacinho do Céu”, que enviou dinheiro e comida para Angola, mas nunca acedeu dizer onde estavam as crianças, prometendo fazê-lo quando angariasse donativos para abrir um orfanato em Luanda.
O jovem acedeu depois a colaborar com duas ativistas angolanas, com quem a SIC o pôs em contacto, e na quarta-feira levou Laura Macedo e Helena a encontrar mais 3 crianças.
Uma delas é Alexandre, um dos meninos que revelava grande sofrimento, na primeira reportagem emitida pela SIC. O menino, que tem mais 6 irmãos, e que há cerca de 3 anos deixou de falar e de andar, foi encaminhado pelas equipas de emergência médica, na companhia da mãe, para o Hospital Pediátrico de Luanda .
No meio da operação de localização dos menores, Laura Macedo conseguiu perceber que a história contada pela associação “Pedacinho do Céu” foi encenada e alguns factos empolados. As crianças não são órfãs, nem estão em situação de abandono. Têm família e vivem dispersas por diferentes lugares. Foram amontoadas por Hélder Silva, num barracão, para a realização de um vídeo.
A intervenção de resgate dos quatro menores foi coordenada com as entidades oficiais de saúde Em paralelo com outras diligências feitas por diversas entidades e polícia, que bateram, na quarta feira, toda a baixa de Kassange à procura das crianças. Laura Macedo manteve os passos sempre discretos para garantir a colaboração do contacto em Luanda da associação “Pedacinho do Céu”.
Hélder Silva, que tinha prometido encaminhar as voluntárias para os restantes meninos, entretanto ficou incontactável, na sequência da polémica gerada pelo caso.
As autoridades angolanas suspeitam dos pedidos de donativos feitos pela associação “Pedacinho do Céu” e o caso está já sob investigação criminal.