O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta terça-feira que Portugal se revê nas "posições duras" e "fortes" da União Europeia e da NATO em reação ao desvio forçado de um avião comercial na Bielorrússia.
"A União Europeia já teve a sua posição muito claramente definida. A NATO já teve a sua posição claramente definida. Portugal representa-se ao mais alto nível e no fundo vê-se retratado nas duas posições", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta a questões dos jornalistas, à saída do Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
Segundo o chefe de Estado, "são posições duras, são posições fortes" da União Europeia e da NATO.
"No caso da União Europeia, envolvem já sanções aplicáveis relativamente ao Estado que atuou neste caso [a Bielorrússia] e à circulação aérea e outra entre esse Estado e Estados da União Europeia", assinalou o Presidente da República.
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Os líderes dos 27 prometem mais sanções económicas contra a Bielorrússia. Vão fechar o espaço aéreo às companhias aéreas do país e pedem às transportadoras com sede na União Europeia que evitem sobrevoá-lo.
Várias companhias aéreas já responderam ao apelo. A Air France é uma das mais recentes a contornar o espaço aéreo da Bielorrússia, tal como as vizinhas Ucrânia e Polónia.
Contactada pela SIC, a TAP esclarece que a ligação a Moscovo é única portuguesa que sobrevoa o país. Mas por causa da pandemia está suspensa e, por isso, a questão não se coloca.
A transportadora estatal bielorrussa cancelou já todos os voos para Paris e Londres. Embora já fora da União Europeia, o Reino Unido tomou medidas semelhantes às anunciadas por Bruxelas.
Numa cimeira extraordinária, os 27 concordaram em agravar sanções económicas. Os líderes da União Europeira condenaram de forma unânime o que consideram ser um ato de terrorismo de estado.
Aliada do país governado por Lukashenko, a Rússia lamenta as recomendações de Bruxelas e recusa responder a qualquer sugestão de envolvimento.
Os Estados Unidos falam numa afronta descarada à paz e segurança internacional. Tal como a NATO, pedem uma investigação imediata, credível e transparente.
As Nações Unidas exigem a libertação imediata de Romam Protasevich e da companheira. Dizem que a declaração gravada, entretanto, pelo jornalista não foi tranquilizadora. Pedem provas de que está a ser tratado de forma humana e não submetido a tortura.

Pai de jornalista bielorrusso afirma que o filho foi torturado e obrigado a gravar o vídeo
Quem conhece Roman Protasevich, detido no domingo pelas autoridades bielorrussas, diz que o jornalista foi torturado e coagido a gravar uma declaração. Teme-se pela vida do jovem de 26 anos.
Passadas 24 horas da detenção, as redes que têm tornado o jornalista tão procurado pelas autoridades bielorrussas publicaram este vídeo.
Mas quem o conhece bem – o pai – diz que o filho foi torturado e forçado a gravar a declaração. Também a líder da oposição bielorrussa, em exílio na Lituânia não ficou convencida pelo vídeo.
O primeiro ministro britânico, Boris Johnson, escreveu no Twitter que o visionamento do vídeo de Roman Protasevich é profundamente perturbador.
A namorada do jornalista Protasevich está também num centro de detenção. Sofia Sapepa, de 23 anos, foi também detida a bordo do avião da Ryanair. Com nacionalidade russa, a jovem tem à espera as autoridades do gigante vizinho e apoiante do regime da Bielorrússia, vista como a última ditadura na Europa.
Nos últimos nove meses terão sido detidos 35 mil bielorrussos que se opõem ao presidente Alexandr Lukashenko, no poder há quase 27 anos. O clima de repressão aumentou após as eleições que não foram validadas internacionalmente.
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