O ex-presidente norte-americano Donald Trump está sob investigação por possíveis violações da Lei de Espionagem, noticiou esta sexta-feira o jornal The Guardian, que teve acesso ao mandado cumprido pelo FBI nas buscas a sua casa.
Além de violações da Lei de Espionagem, Trump também é investigado por alegada obstrução da justiça e destruição de registos do Governo federal, indicou o jornal após um juiz da Florida ter divulgado os documentos com essas informações.
O mandado que permitiu ao FBI realizar buscas na mansão de Trump em Mar-a-Lago, na Florida, na segunda-feira mostra que os agentes procuravam evidências sobre o manuseio incorreto de documentos confidenciais por parte do político republicano, incluindo alguns classificados como "ultrassecretos", o que constituiu uma violação de três estatutos criminais.
A condenação sob estes estatutos pode resultar em pena de prisão ou multas.
Dessa forma, o mandado de busca autorizou os agentes do FBI a apreender materiais da residência de Trump para investigar crimes relacionados à Lei de Espionagem, que proíbe a retenção não autorizada de informações de segurança nacional que possam prejudicar os Estados Unidos ou ajudar um adversário.
Donald Trump, que classifica as buscas à sua residência como "antiamericanas, injustificadas e desnecessárias", já havia exigido esta sexta-feira a divulgação "imediata" desse mandado federal utilizado pelo FBI.
Horas antes, o Departamento de Justiça também pediu a um tribunal para que o mandado fosse divulgado, com o procurador-geral Merrick Garland a citar o "substancial interesse público neste assunto".
O pedido do Departamento de Justiça é surpreendente, uma vez que tais documentos tradicionalmente permanecem lacrados durante uma investigação em curso.
Contudo, o Departamento parece reconhecer que o seu silêncio desde as buscas abriu um espaço para ataques verbais por parte de Trump e seus aliados, e que o público tem direito a conhecer o lado do FBI sobre o que motivou a ação de segunda-feira na casa do ex-chefe de Estado.
"O claro e poderoso interesse do público em entender o que ocorreu sob essas circunstâncias pesa fortemente a favor da abertura", disse uma moção apresentada num tribunal federal da Florida na quinta-feira.
Agora, além do mandado que autorizou a busca, foi também divulgado um longo inventário de documentos apreendidos na segunda-feira pelos agentes do FBI.
O jornal The Wall Street Journal noticiou esta sexta-feira que os agentes recuperaram documentos classificados, incluindo alguns "ultrasecretos" que deveriam estar apenas em instalações especiais do Governo.
O jornal, que teve acesso ao inventário dos materiais apreendidos, explica que o FBI levou um total de 20 caixas da mansão de Trump em Mar-a-Lago, incluindo 11 coleções de materiais classificados.
O The Wall Street Journal diz ainda que alguns documentos tinham o rótulo "top secret", o mais alto nível de confidencialidade que pode ser aplicado a informações no Sistema de inteligência dos Estados Unidos da América (EUA).
Entre os materiais recuperados pelo FBI e que aparecem detalhados, destacam-se arquivos relacionados com o perdão presidencial ao ex-colaborador de Trump Roger Stone, informações sobre o Presidente francês, Emmanuel Macron, e documentos ligados a armamento nuclear.
Para obter um mandado de busca, as autoridades federais devem provar a um juiz que existe causa provável para acreditar que um crime foi cometido.
Garland disse que aprovou pessoalmente o mandado, uma decisão que garante não ter sido tomada de ânimo leve, já que a prática padrão, sempre que possível, é selecionar táticas menos intrusivas do que uma busca domiciliar.
A operação, realizada na residência de Donald Trump, provocou a fúria dos fieis apoiantes do republicano, evocando uma "perseguição política".