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Suécia alerta que ainda há fugas de gás no Nord Stream 2, Gazprom nega

De acordo com as autoridades dinamarquesas, as fugas, em forte declínio, deviam ter parado este fim de semana.

Suécia alerta que ainda há fugas de gás no Nord Stream 2, Gazprom nega
BARBARA GINDL

As bolhas geradas pelas fugas de gás no gasoduto Nord Stream 1 pararam, mas subsistem no Nord Stream 2, informou esta segunda-feira a Guarda Costeira sueca, após um sobrevoo das duas estruturas no Mar Báltico, danificadas alegadamente por sabotagem.

O operador dos gasodutos submarinos que ligam a Rússia à Alemanha, a Nord Stream AG, tinha anunciado no sábado o fim das fugas no Nord Stream 2, devido à pressão insuficiente para que pudesse haver fugas do gasoduto.

Quatro grandes fugas de gás, que têm estado a libertar dezenas de milhares de toneladas de gás, atingiram os dois gasodutos ao largo da ilha dinamarquesa de Bornholm desde o início da semana passada.

As fugas, que geraram bolhas gigantescas, foram localizadas em águas internacionais, sendo que duas delas foram detetadas na zona económica exclusiva (ZEE) sueca e as outras duas na ZEE dinamarquesa.

De acordo com as autoridades dinamarquesas, as fugas, em forte declínio, deviam ter parado este fim de semana.

Do lado sueco, a principal fuga afetou o Nord Stream 1, enquanto uma menor se verificou no Nord Stream 2, e é esta que ainda está ativa esta segunda-feira, adiantou a guarda costeira em comunicado.

Durante um voo realizado de manhã, “a maior fuga já não era visível, mas a pequena, por outro lado, voltou a aumentar", a gerar bolhas no mar numa área de "cerca de 30 metros", de acordo com as fontes suecas.

EXPLOSÕES SUBAQUÁTICAS COM “CENTENAS DE QUILOS” DE EXPLOSIVO TNT NA ORIGEM DAS FUGAS

Explosões subaquáticas equivalentes a "centenas de quilos" de explosivo TNT (trinitrotolueno) estão na origem das fugas descobertas nos gasodutos Nord Stream 1 e 2 em águas internacionais ao largo da ilha dinamarquesa de Bornholm, e "todas as informações disponíveis indicam que estas explosões são o resultado de um ato deliberado", disseram a Suécia e a Dinamarca num relatório oficial enviado às Nações Unidas.

Suspeita de estar na origem das fugas, a Rússia tinha contra-atacado já na quarta-feira, apontando o dedo aos Estados Unidos e solicitando uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira.

GAZPROM REAGE AO INCIDENTE

A Gazprom, o gigante russo do gás, disse entretanto que a pressão estabilizou nos dois gasodutos e que as fugas pararam.

Na sua conta na rede social Telegram, na primeira declaração sobre o estado das instalações após o incidente, a Gazprom adianta que está agora a trabalhar para reduzir a pressão do cabo B do gasoduto Nord Stream 2.

A empresa explicou que "isto permitirá uma revisão segura da integridade desse cabo, além de reduzir potenciais riscos ecológicos em caso de possível fuga de gás".

"No caso de ser tomada a decisão de começar a fornecer o gasoduto Nord Stream 2 B, na sequência da revisão da integridade do sistema e da confirmação dessa possibilidade por parte das entidades reguladoras, o gás natural será bombeado de volta para o gasoduto", segundo a Gazprom.

O porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov, não descartou esta segunda-feira a possibilidade de restabelecer a operação dos gasodutos, mas disse que "não há qualquer entendimento" sobre quando isso poderá acontecer.

Nenhum dos gasodutos estava a funcionar quando ocorreram as fugas, o primeiro há semanas parado para manutenção, segundo Moscovo devido a problemas técnicos, e o segundo nunca esteve operacional, porque o chanceler alemão, Olaf Scholz, suspendeu o projeto após o reconhecimento russo das autoproclamadas repúblicas separatistas do Donbass (leste da Ucrânia) em fevereiro passado.