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"Posicionamento geopolítico de Lula não afeta" relação entre Portugal e Brasil

Análise

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Germano Almeida, comentador da SIC, analisa a visita de Lula da Silva ao território português e de que forma as mais recentes declarações polémicas do Presidente brasileiro foram, e estão a ser, recebidas em Portugal.

Lula da Silva chegou na passada a sexta-feira a Portugal para uma visita oficial que termina esta terça-feira, dia 25 de abril. O chefe de Estado brasileiro aterrou em terras portuguesas depois de protagonizar várias polémicas em relação à China e à guerra na Ucrânia. Germano Almeida, comentador da SIC, esteve na SIC Notícias para analisar estes e outros temas que envolvem o conflito que se desenrola na Europa.

O comentador da SIC começa por afirmar que a visita de Lula da Silva ao território luso está a correr "acima das expectativas", tendo em conta a polémica que envolveu o Presidente do Brasil, depois de o mesmo ter dito que a Europa e os Estados Unidos contribuem para a "continuação da guerra na Ucrânia".

"Em traços gerais, o que me parece, é que as duas partes, Brasil e Portugal, têm tido uma especial atenção em focar-se nos aspetos comuns, que são muitos. Na área cultural, da cooperação da justiça, da saúde, da educação, da economia, naturalmente do lado afetivo que nós temos com o Brasil e que o Brasil tem com Portugal, isso tem sido bem vincado", referiu Germano Almeida.

Visita de Presidente do Brasil “está a correr bem”

O comentador prosseguiu e disse que existem ainda certos aspetos, relativamente ao conflito na Ucrânia, em que as duas nações "continuam a ter como divergência", contudo, "já existiram alguns sinais" que mostram que os dois países estão empenhados em que haja uma aproximação, de modo que este aspeto "não perturbe" a visita de Lula da Silva.

“Numa primeira impressão, diria que a visita está a correr bem e que o pior, ou seja, que ela pudesse ser comprometida pelas declarações extremamente negativas e condenáveis que Lula teve na China, elas estão a ser corrigidas e noto, mesmo na parte do Presidente Lula, essa preocupação de tentar essa correção”, considera.

Lula e a China

No entanto, o chefe de Estado brasileiro está envolto noutra polémica depois de ter dito que "todos os países têm problemas" e que nem todas as nações concordam com as políticas chinesas relativamente aos direitos humanos, mas que esse é o seu "jeito de fazer política".

Em relação a estas declarações, Germano Almeida afirma que as mesmas têm "algum enquadramento", que se prende com o facto de Lula ter estado na China recentemente e de o país ser o maior parceiro comercial do Brasil.

O comentador diz que, ainda assim, "há demasiada permissividade por parte de Lula relativamente ao regime chinês", contudo, isso "não retira em nada o lado positivo desta visita" que consiste na abertura de "uma nova etapa na relação Brasil-Portugal" e na "retoma das relações luso-brasileiras".

“De todo o modo, relativamente à questão da China, o que me parece é que Lula quer posicionar o Brasil como um país importante numa futura mediação da guerra na Ucrânia, o que seria positivo, não seria nada positivo é se mantivesse a posição, que ele próprio tentou corrigir dizendo que há dois culpados nesta guerra e que há várias responsabilidades para encontrar a paz entre a Rússia e a Ucrânia (...)Nesse sentido, também me parece que foi positivo que na declaração conjunta antes da cimeira bilateral entre Brasil e Portugal que os Governos fizeram deplorando a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e anexação de território ucraniano, pedindo um compromisso pela paz justa e duradoura”, refere Germano Almeida.

Encontro entre Lavrov e Guterres sobre ameaças de Medvedev

Lavrov e António Guterres encontram-se esta segunda-feira para discutir a exportação de cereais ucranianos, depois de Medvedev, ex-presidente russo, ter ameaçado acabar com o mesmo, mas será esta uma ameaça real? Germano Almeida teme que a Rússia "tente encontrar uma forma de não renovar o acordo".

"Sinceramente, depois deste tempo todo, não espero grande verdade na posição russa, concluiu o comentador da SIC.

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