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Avó de jovem morto pela polícia francesa em Nanterre apela à calma

Nadia acusou parte dos manifestantes de estar a usar a morte do neto como uma desculpa para destruir o país.

Avó de jovem morto pela polícia francesa em Nanterre apela à calma
YVES HERMAN

A avó de Nahel M., o jovem que foi morto pela polícia nos arredores de Paris, apelou este domingo aos manifestantes que parem com os confrontos, após cinco noites de tumultos.

"Quero que tudo isto acabe. Peço às pessoas que estão a destruir coisas que parem. Não destruam as escolas", afirmou a avó de Nahel M., identificada como Nadia, em declarações à BFMTV.

Nadia acusou parte dos manifestantes de estar a usar a morte do neto como uma desculpa para destruir o país.

"Não destruam as escolas, não destruam os autocarros", reforçou.

Condenou manifestações de apoio ao polícia que disparou contra neto

No entanto, condenou as manifestações de apoio ao polícia que disparou contra o jovem, na terça-feira, em Nanterre.

Iniciativa de “partir o coração”

O colunista Jean Messiha, que apoiou a candidatura presidencial de extrema-direita de Éric Zemmour, em 2022, depois de ter passado pela Frente Nacional de Le Pen, iniciou uma angariação de fundos para a família do agente, sublinhando que este se limitou a fazer o seu trabalho e que "está a pagar um preço alto" pela sua ação.

Esta iniciativa "parte-me o coração", apontou Nadia, culpabilizando o agente pela morte do neto.

O Governo francês pediu este domingo para que se evitem generalizações sobre a polícia francesa e garantiu que, em caso de abuso, a justiça investigará.

"É preciso ter cuidado para não se fazerem generalizações com base numa situação específica. Esta é a mensagem, penso eu, que as nossas forças de segurança que estão mobilizadas no terreno precisam de ouvir", defendeu o Governo francês, segundo declarações do porta-voz do executivo, Olivier Véran, ao canal público FranceInfo.

Nahel, de 17 anos, foi morto pela polícia na sequência de uma operação em Nanterre.

O Ministério Público disse que o jovem estava a conduzir na faixa dos autocarros, tendo sido mandado parar pela polícia, mas não obedeceu à ordem.

Um dos agentes disparou contra Nahel, atingindo-o no braço e no peito.

As cerimónias fúnebres de Nahel decorreram no sábado, em Nanterre, com um velório privado, uma cerimónia na mesquita e o enterro num cemitério local, onde compareceram centenas de pessoas.