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Nagorno-Karabakh: Arménia denuncia "limpeza étnica" e Azerbeijão tenta retirar civis

Uma explosão de minas matou esta terça-feira quatro polícias do Azerbaijão e dois civis em Nagorno-Karabakh, anunciaram os serviços de segurança azeris.

Nagorno-Karabakh: Arménia denuncia "limpeza étnica" e Azerbeijão tenta retirar civis
GLEB GARANICH/REUTERS

A Arménia acusou esta terça-feira o Azerbaijão de pretender fazer uma "limpeza étnica" em Nagorno-Karabakh e apelou para a intervenção das forças russas estacionadas na região disputada por Erevan e Baku.

"O Azerbaijão desencadeou uma nova agressão em grande escala contra o povo de Nagorno-Karabakh, procurando assim completar a sua política de limpeza étnica", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros arménio em comunicado.

A declaração surgiu depois de o Azerbaijão ter anunciado uma operação militar no enclave devido à morte de quatro políticas e dois civis azeris na explosão de minas, que atribuiu a separatistas arménios.

"As forças de manutenção da paz russas destacadas em Nagorno-Karabakh devem tomar medidas claras e inequívocas para pôr termo à agressão do Azerbaijão", disse o ministério, segundo a agência francesa AFP.

As forças de manutenção da paz russas estão destacadas em Nagorno-Karabakh no âmbito de um cessar-fogo negociado por Moscovo, um aliado tradicional da Arménia, para pôr fim ao anterior conflito na região em 2020.

A Rússia apelou já para a contenção e disse que foi informada do início da operação "alguns minutos" antes, depois de Baku ter anunciado que avisou as forças russas.

"Há notícias nos meios de comunicação social de que o lado azeri avisou as forças de manutenção da paz russas 'com antecedência'", disse a porta-voz da diplomacia de Moscovo, Maria Zakharova.

"Isto não corresponde à realidade. A informação foi dada ao contingente russo alguns minutos antes do início das hostilidades", referiu, numa declaração divulgada nas redes sociais.

Depois de ter lançado a operação militar, o Azerbaijão exigiu a retirada "incondicional e total" da Arménia de Nagorno-Karabakh e a dissolução do "chamado regime separatista" para alcançar a paz na região azeri.

Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa do Azerbaijão de maioria arménia, declarou a independência de Baku na sequência da desintegração da União Soviética, em 1991.

A declaração da independência desencadeou um conflito armado de que saíram vencedores os separatistas apoiados pela Arménia.

Trinta anos mais tarde, no outono de 2020, as forças armadas do Azerbaijão reconquistaram dois terços do território, situado no sul do Cáucaso.

Azerbaijão cria corredores humanitários para retirar civis

O Azerbaijão anunciou o estabelecimento de corredores humanitários para permitir retirar civis de Nagorno-Karabakh.

"A fim de permitir a saída da população da zona perigosa, foram criados corredores humanitários e pontos de receção na estrada de Latchine e noutras direções", disse o Ministério da Defesa azeri num comunicado.

O corredor de Latchine é a única estrada entre a Arménia e o enclave montanhoso, onde estão destacadas forças de manutenção da paz russas.

Nagorno-Karabakh

Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa do Azerbaijão de maioria arménia, declarou a independência de Baku na sequência da desintegração da União Soviética, em 1991.

A declaração da independência, apoia pela Arménia, desencadeou um conflito armado que foi ganho pelos separatistas.

Trinta anos mais tarde, no outono de 2020, as forças armadas do Azerbaijão reconquistaram dois terços do território, situado no sul do Cáucaso.

Os incidentes desta terça-feira ocorrem numa altura em que foi dado um passo no sentido de aliviar as tensões em Nagorno-Karabakh, com a chegada de ajuda humanitária à região secessionista.

A Arménia acusa o Azerbaijão de ter provocado uma crise em Nagorno-Karabakh ao bloquear o corredor de Latchine, no final de 2022.

O corredor de Latchine é a única estrada entre a Arménia e o enclave montanhoso, onde estão destacadas forças de manutenção da paz russas.

O Azerbaijão nega as acusações arménias.

A crise em curso e o destacamento de forças armadas de Baku para as proximidades de Nagorno-Karabakh e ao longo da fronteira com a Arménia suscitaram o receio de um novo conflito.