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Embaixador israelita na ONU aponta "crimes de guerra", palestiniano pede fim da violência

o embaixador palestiniano junto da ONU, Riad Mansur, instou Israel a parar com a violência em Gaza e a abordar "as raízes" do conflito que levou a uma nova guerra após os ataques do Hamas contra Israel.

Embaixador israelita na ONU aponta "crimes de guerra", palestiniano pede fim da violência
Eduardo Munoz Alvarez

O embaixador israelita junto da ONU apelou, neste domingo, à unidade internacional na condenação do Conselho de Segurança da ONU aos ataques do Hamas contra Israel, enquanto o homólogo palestiniano instou israelitas a parar com a violência em Gaza.

"O que estamos a ver são crimes de guerra flagrantes e bárbaros: estão a assassinar civis, a abusar de reféns, a tirar bebés às suas mães", disse Gilad Erdan, em declarações à comunicação social, nas quais descreveu os ataques que levaram a uma nova guerra naquela região como o "11 de setembro de Israel".

"O Conselho de Segurança prepara-se para reunir-se este domingo em Israel tem apenas uma exigência: os crimes de guerra do Hamas devem ser condenados inequivocamente", acrescentou o diplomata, que descreveu como "imorais e falsas" as comparações entre "um grupo terrorista selvagem" e o "Estado democrático de Israel".

O embaixador assegurou que hoje "muitos membros" da comunidade internacional expressam apoio a Israel, mas "amanhã poderá não ser o caso", e criticou a ONU e "particularmente" o Conselho de Segurança por terem "uma memória muito curta" em relação ao seu país, evitando fazer menções diretas.

Erdan disse que, desde que o Hamas chegou ao poder na Faixa de Gaza (em 2007), "o mundo tem tentado argumentar" com o grupo islâmico e a comunidade internacional enviou milhares de milhões de fundos para a reabilitação de Gaza, mas esse dinheiro tem sido usado para desenvolver "infra-estruturas terroristas" no território.

"Não se pode alcançar a paz com uma organização cujo único objetivo é destruir-te", criticou, acrescentando que, no passado, "ninguém falou em chegar a um acordo de paz com a Al-Qaida ou com o Estado Islâmico".

Sobre o alegado envolvimento do Irão ou de outros países nos ataques contra Israel, Erdan evitou "partilhar informações de inteligência", mas apontou para mensagens "anti-semitas" do líder supremo iraniano (Ayatollah Ali Khamenei) e para reuniões do Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, na Síria e no Líbano, com líderes do Hamas e com "outros exércitos terroristas ao redor de Israel".

Nesse sentido, o diplomata israelita acrescentou que o Irão está a tentar inviabilizar uma normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita, que Telavive garantiu que "quer que aconteça", uma vez que o considera um "país moderado" na região, que quer "viver em paz e coexistir".

Por seu lado, o embaixador palestiniano junto da ONU, Riad Mansur, instou Israel a parar com a violência em Gaza e a abordar "as raízes" do conflito que levou a uma nova guerra após os ataques do Hamas contra Israel, que não mencionou nem condenou.

Em declarações à comunicação social antes da reunião de emergência sobre a situação no Médio Oriente à porta fechada do Conselho de Segurança, Mansur criticou a comunidade internacional que só presta atenção "quando israelitas são assassinados" e ignora as queixas da Palestina sobre o bloqueio e os ataques israelitas a Gaza ano após ano.

"Escolhemos o caminho pacífico para alcançar os nossos direitos, mas Israel continuou a usar a força bruta contra as vidas e os direitos dos palestinianos. Israel não pode travar uma guerra em grande escala contra uma nação, o seu povo, a sua terra e os seus templos e esperar a paz, tem que abordar a raiz do conflito", afirmou.

Ataques a Gaza vão destruir as capacidades militares do Hamas

"Israel continua a dizer que o bloqueio e os repetidos ataques a Gaza vão destruir as capacidades militares do Hamas (...), mas tudo o que consegue é infligir um sofrimento terrível a toda uma população civil, é hora de pôr fim imediato à violência e derramamento de sangue, é hora de acabar com o bloqueio e abrir um caminho político", advogou Mansur.

Antecipando a reunião do Conselho de Segurança, o diplomata reconheceu o grande apoio da comunidade internacional a Israel e à sua autodefesa, mas sustentou que ao mesmo tempo está a ser ignorada "a sua agenda colonialista e racista" contra os palestinianos, pedindo para "não se perder de vista o panorama global" do conflito.

"Todos na sala atrás de mim (...) concordam em acabar com o jogo. Israel espera e exige apoio político e militar ao mesmo tempo que promove objetivos que estão fundamentalmente em desacordo com a legitimidade e o consenso internacionais", acrescentou.

“Nada justifica matar israelitas”

"Não se pode dizer: 'Nada justifica matar israelitas' e depois justificar a matança de palestinianos. Não somos sub-humanos, repito, não somos sub-humanos", acrescentou Mansur, que disse que entre as centenas de mortes relatadas em Gaza há vítimas de famílias inteiras e crianças.

O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza.

O conflito armado já causou centenas de mortos de ambos os lados e milhares de feridos.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas.